quarta-feira, 30 de março de 2011

Divórcio é a solução?

"Quem não é fiel à sua consciência tem uma dívida impagável consigo mesmo". (Augusto Cury)


Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: "Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.

De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.

Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: "Por quê?" Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou "você não é homem!" Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouví-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela. Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.

Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia, mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora.

No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane.
Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir.

Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem ter que lidar com o rompimento de seus pais.

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.

Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a idéia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio" ,disse Jane em tom de gozação.

Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo "O papai está carregando a mamãe no colo!" Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não conte para o nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.

No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.

No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.

No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse "Todos os meus vestidos estão grandes para mim". Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias.

A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração..... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mão todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.

Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: "Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo".

Eu não consegui dirigir para o trabalho.... fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia...Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe, Jane. Eu não quero mais me divorciar".

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.

A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar.

Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: "Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe".

Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta.

Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade, mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!

JAILSON & ESPOSA

segunda-feira, 28 de março de 2011

É tempo de demolir fortalezas...

Divulgação (Bem e o mal)
Sinto-me no dever de tratar de um assunto que embora muito comentado entre os teólogos modernos, precisa ser apresentado de maneira a focar no alvo principal. No texto a seguir, leio comentários atribuindo todo mal a satanás, mas na analise exegética do texto, creio que nem tudo o diabo é culpado. De antemão, ressalto que não vou argumentar como advogado do diabo, mas simplesmente trazer ao leitor uma visão exegética do II Coríntios, 10:3-5.

“Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne, pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo...”

Analisando o contexto dos escritos de Paulo, bem a igreja e as pessoas a quem Paulo escreveu vamos destacar dois pontos importantes.

Primeiro, o apostolo Paulo foi tão humano como qualquer pessoa humana. E como humano ele tratou de questões de natureza carnal e pecaminosa com franqueza e ao mesmo tempo com ousadia. Até porque não havia motivos para rodeios. Ele nasceu, cresceu e viveu num ambiente extremamente pecaminoso em todos os sentidos. Embora profundo conhecedor da Lei e reconhecidamente zeloso da religião judaica, sua vida sofreu mudanças radicais quando teve um encontro real com Jesus Cristo o Filho de Deus. Essa mudança durou um longo período. A cegueira de Saulo no caminho para Damasco foi apenas o começo de uma grande transformação. O tempo de tratamento de Deus levou Paulo às experiências tremendas. Você lembra o que Jesus disse a Ananias? “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome aos gentios, e os reis, e os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto vale a pena padecer pelo meu nome”. Atos, 9:15-16. Depois de quatorze anos Paulo retrata um pouco de sua história. Nada é mais sublime na vida do que as experiências.

Segundo, O Apostolo Paulo gastou a maior parte de sua vida à pregação do Evangelho. Sua preocupação primordial era apresentar a Igreja como uma noiva (pura) ao noivo – Jesus Cristo. II Coríntios, 11:2.

Do outro lado, a cidade de Corinto extremamente pagã, onde existia o culto aos deuses da sexualidade ilícita, paganismo religioso, hereges nos quatro cantos da cidade e ainda sofrendo influencia dos filósofos gregos. Diríamos que o povo estaria farto de religião. Um salão religioso em cada esquina e novos salões se abrindo. Paulo escreve sobre mudança e “mudança radical” que fere os princípios e conceitos da cidade e põe em dúvidas as palavras do Apóstolo.

Paulo toca na essência humana – A carne, corpo: vontade, desejos pessoais. Foi esse o tema que o apostolo tratou como relevante no texto. Sua experiência pessoal com Jesus superou sua experiência religiosa como judeu. Conhecer o evangelho levou-o a viver uma nova dimensão religiosa. “Embora andando na carne, não militamos segundo a carne”; ou seja, embora continuando no corpo não estamos subordinados ou sujeitos aos nossos desejos pessoais, a nossa vontade.

Deus é o Senhor soberano de toda criação. Criou os anjos, criou o universo e posteriormente o ser humano. No processo de criação, Deus estabeleceu hierarquia, cujo principio seria a obediência ao criador. A obediência é fundamental para o homem viver eternamente. Porém com a desobediência veio o pecado, com o pecado o homem que deveria viver eternamente, tornou-se mortal, amante de si mesmo e subordinado à carne e ao diabo.

Eis necessidade de um verdadeiro encontro com Deus, de uma mudança radical de caráter. Somente com a mudança de caráter ocorre um processo de transformação. O homem, embora no corpo (carne) guerreia contra os desejos da carne, para fazer a vontade de Deus.

A mudança de caráter não significa apenas congregar em uma nova igreja ou trocar a placa da nossa. Mas criar colunas com um novo caráter cristão ao mesmo tempo em que destrói fortalezas carnais.

Atualmente fala-se muito em batalha espiritual, em destruir fortalezas, mas esse processo deve nos levar a “esmurrar” nosso corpo para viver o evangelho. Não tem como usar as armas poderosas. Não se podem destruir fortalezas sem demolir as estruturas interiores construídas ao longo de anos de carnalidade. Não há como usar as armas poderosas dominados por fraquezas.

Para demolir “fortalezas” é preciso conhecê-las. E segundo o próprio apóstolo Paulo, “as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus". (Gálatas, 5:19-21).

Essas manifestações da carne fazem parte da nossa vida pregressa e Paulo afirma que embora vivendo no corpo, nossas milícias não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolir fortalezas.

As armas de nossa milícia têm poder de demolir as obras remanescentes de uma mentalidade mundana, oriunda de desejos que contrariam a vontade de Deus para a nossa vida. A tendência a prostituição, a impureza e toda sorte de desejo carnal é levada cativo pela força de vontade de obedecer a Cristo. Somente dessa maneira iremos lançar de nós todo pensamento, todo desejo que brota do coração humano.

As fortalezas que foram construídas durante o desenvolvimento da natureza pecaminosa precisam ser demolidas.
Fortaleza significa: “Habitação fortificada” “Lugar, seguro, vigorosamente protegido” e/ou Virtude: personalidade forte. Resistente às influências nocivas; suporta os incômodos e se entrega com a valentia em caso de poder influir para vencer obstáculos.

Imagine para alguém que 24 horas fala em sexo, faz piadas sobre sexo e de repente tem um encontro com Jesus e precisa demolir de sua mente a fortaleza? Não é fácil. Aquela pessoa que adora uma fofoca e língua coça para levar adiante uma conversa distorcida sobre outrem? Precisa destruir essa fortaleza. Porque é carnal e diabólica. Aquele homem de Deus, que tem uma mensagem maravilhosa, um excelente líder, mas ver uma Irmã com uma roupa decotada e tem desejo sexual com ela? Aquela pessoa que tem mania de comprar sem perspectiva de ter o dinheiro para pagar suas contas e depois não pagar, fica enganando o próximo? Pessoas ciumentas, avarentas... São fortalezas que precisamos demolir. Essas fortalezas dominam a nossa mente e nos tornam fracassados.

Quais são essas milícias capazes de demolir fortalezas?

Primeira - Jesus - Entrega a tua vida, o teu caminho a Ele. "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos". Lucas, 4:18.

Jesus veio para libertar os cativos, abrir os olhos dos cegos espiritualmente e por em liberdade os oprimidos. Há milhões de pessoas no mundo que continuam escravas dos desejos carnais, do diabo e até mesmo da religião. Há milhões de pessoas com a visão tapada e conseqüentemente oprimida, por que só vêem maldade, inimizades, prostituição, ódio... Esses milhões precisam abrir os olhos para o que é verdadeiro, puro, honesto, de boa fama, alegria, paz... Quantas pessoas, mesmo religiosas, vivem na maldade de seus corações... Elas precisam de Jesus.

Segunda - Tornar-se templo do espírito Santo – Quando uma pessoa tem um encontro real com Jesus e se arrepende de todo o pecado... Jesus torna-a uma nova criatura. O Espírito Santo entra nela para torná-la perfeita. É um processo que pode levar dias ou anos, depende de você. Mas a cada dia o espírito se renova em nós. A presença de Jesus em nossa vida nos torna templo do Espírito Santo e através dele somos aperfeiçoados. Quando nosso corpo é dominado pelo Espírito Santo conseguimos demolir estruturas construídas pelos nossos desejos ao longo dos anos.

Terceira – Palavra de Deus – A pessoa que medita diariamente na Palavra de Deus consegue demolir fortalezas. Jesus nos deu o exemplo. Toda investida do inimigo com objetivo de fazê-lo cair em tentação, ele resistiu com a palavra de Deus. A Palavra cura, limpa, edifica...

Finalmente, a quarta: A oração – Toda pessoa que ora, tem capacidade para demolir fortaleza. O homem ou mulher que ora vence a batalha, transporta montes. Quem se humilha diante do Senhor, consegue demolir toda fortaleza do inimigo. Aliás, consegue por inimigo debaixo de seus pés. Aleluia!

quinta-feira, 24 de março de 2011

A Bíblia nos promete uma vida de prazeres?

Quando Saulo tornou-se Paulo, uma voz divina anunciou: “Vou lhe mostrar como você poderá gozar muito melhor a sua vida!” Será que é o que realmente está escrito na Bíblia? Pelo contrário, lemos: “Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (At 9.16). Foi o que Deus disse a Ananias acerca de Paulo. Portanto, foi quase o oposto do que muitos entendem hoje por vida cristã.

Prazer e sofrimento

O Novo Testamento está permeado pelo tom do sofrimento, e é justamente isso que não agrada à nossa velha natureza, que adora cuidar bem de sua carne e de gozar a vida. Paulo e Barnabé, por exemplo, exortaram os discípulos “a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22).

Paulo, o apóstolo dos gentios, lembra a Timóteo, seu discípulo mais fiel, que “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3.12).

Isso não soa como uma vida de prazeres e de riqueza abundante, como tanto se apregoa hoje em dia. Temos inclusive uma carta inteira no Novo Testamento que se ocupa com o tema do sofrimento: a Primeira Epístola de Pedro. Ele explica que a fé é provada e aprovada através do sofrimento (1 Pe 1.6-7). Portanto, em completa oposição à sociedade caracterizada pelo entretenimento e ao cristianismo que confunde discipulado com diversão e festa. Aos crentes da Ásia Menor, Cristo é apresentado como exemplo naquilo que sofreu, para que sigamos os Seus passos (1 Pe 2.21).

Jesus e o sofrimento

A Carta aos Hebreus menciona, inclusive, que nosso Senhor, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5.8). Se isso foi válido para o Filho de Deus, quanto mais vale para nós! O servo, como se sabe, não está acima de seu Mestre.

Pedro diz ainda mais: “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (1 Pe 4.1-2).

Tema recorrente

Sofrimento e não prazer ou bênçãos materiais é o tema recorrente nas cartas dos apóstolos. Paulo chega a dizer: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele” (Fp 1.29). De forma semelhante, Pedro admoesta em sua carta: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1 Pe 4.12-13).

Será que isso ainda é proclamado em nossa sociedade de consumo, que já chega a “celebrar” o discipulado e a vida cristã? Será que frases tão negativas não deveriam ser sumariamente riscadas da Bíblia? Não acabamos literalmente criando um outro evangelho, um evangelho de bem-estar, que afaga o ego e o velho Adão?

Sem rodeios

Aos coríntios, que igualmente estavam em perigo de exercer poder e “domínio”, Paulo escreve sem rodeios: “Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco. Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos” (1 Co 4.8-13).

Isso soa como prazer, sucesso, conforto e prosperidade? É quase o oposto de tudo aquilo que hoje nos é apresentado simuladamente pelos “evangelistas da prosperidade” como se fosse o Evangelho de Cristo.

Negativo e derrotista?

Para que minhas palavras não sejam interpretadas como uma defesa do sofrimento e uma declaração de derrotismo cristão, devo mencionar que Deus deseja que “vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Tm 2.2). Na mesma Carta a Timóteo está escrito: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1 Tm 6.17).

Somos gratos por toda a paz e pelo bem-estar que a graça de Deus tem nos concedido no mundo ocidental por um tempo admiravelmente longo. Mas fazer dessa realidade um evangelho é, brandamente falando, contradizer o espírito do Novo Testamento. O Senhor nos promete, sim, uma vida abundante (Jo 10.10), porque para os cristãos as questões primárias da culpa e do sentido da vida já estão resolvidas. Em obediência a Deus, o discípulo de Jesus pode ter, sim, muita alegria, alegria plena (1 Jo 1.4). Mas essa alegria é em primeiro lugar espiritual e não está, necessariamente, refletida no nível material.

Movido pela alegria

Quando Paulo ditou sua carta “movida pela alegria” aos filipenses exortando os crentes a “alegrar-se sempre” (Fp 4.4), ele próprio encontrava-se algemado na prisão.

Discutindo com os super-apóstolos

Em suas discussões com pregadores “poderosos” e triunfalistas, que Paulo chama ironicamente de “sábios”, “fortes”, “nobres” (1 Co 4.10), ele se gloria de sua própria fraqueza (2 Co 12.9), especialmente porque esses falsos mestres se vangloriavam de seu grande poder e de sua própria autoridade. Eles também passavam a idéia de que apenas através deles o mundo daquela época fora alcançado com um evangelho “poderoso” e “pleno” (2 Co 10.12-16). Paulo contrapõe a esses falsos apóstolos e obreiros fraudulentos, como também os chama, a extensa lista de seus próprios sofrimentos (2 Co 11.22-23), provando que ele era um apóstolo legítimo.

Isso ainda é pregado atualmente? Isso ainda é proclamado nos programas cristãos de televisão? Os apóstolos residiam em belas casas e lá ditavam suas cartas? A visão mais profunda dos mistérios do tempo da graça é fornecida por Paulo nas cartas aos efésios e aos colossenses, que ele escreveu quando se encontrava encarcerado. Em seu discurso de despedida em Mileto ele disse: “o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações” (At 20.23). Isso não soa como a expectativa por eventos especialmente prazerosos.

Vida de prazeres?

Humildade, lágrimas, provações, ciladas, cadeias e tribulações, de fato, uma vida “de prazeres”! Mesmo quando Paulo suplicou por uma vida física mais ou menos normal, sem o espinho na carne, seu pedido não foi atendido. Será que ele não deveria ter enfrentado essa limitação física com visualização ou pensamento positivo? Esse homem de Deus podia dizer de si mesmo: “...pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Co 6.10). Devemos temer, com justiça, que muitos dos pregadores de sucesso de nossos dias literalmente invertem a ordem das coisas: “ricos, mas empobrecendo a muitos”.

Todo esse evangelho da prosperidade e do bem-estar é um cumprimento de 2 Timóteo 4.3, onde está escrito que os homens dos últimos dias cortejarão mestres por cujas palavras sentem coceira nos ouvidos, mestres que os agradem. Muitos gostariam de ouvir que Deus quer nos fazer grandes, ricos, saudáveis e poderosos. Essa era a mensagem dos amigos de Jó, que não conseguiam entender que Jó enfrentava tanto sofrimento por se encontrar dentro da vontade de Deus.

Uma geração hedonista

Esta é a mensagem para uma geração hedonista, como Paulo explicou: que os “crentes” dos últimos dias não apenas serão “amantes de si mesmos” (2 Tm 3.2, Ed. Revista e Corrigida) mas “mais amigos dos prazeres (tradução literal da palavra grega “philedonos”) que amigos de Deus” (2 Tm 3.4).

Será que Jesus também ofereceu uma falsa fé? Ele disse à igreja de Esmirna: “Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o Diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10).

O oposto do triunfalismo

Isso é totalmente oposto ao atual triunfalismo do evangelho da prosperidade. É monstruoso o que é tolerado e propagado na cristandade contemporânea. Esta geração ocidental literalmente criou um evangelho resumido e derivado de seu hedonismo, de sua amoldagem ao espírito da época, de sua loucura por saúde, bem-estar e entretenimento, de seu desejo por prazeres carnais e de sua auto-estima.

Pobre, miserável, cego e nu

Talvez a melhor caracterização da situação espiritual desses pregadores e adeptos do evangelho da prosperidade e do bem-estar seja a declaração de Jesus Cristo a uma igreja próspera e abastada, mal acostumada ao sucesso, a igreja de Laodicéia: “pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap 3.17). (Alexander Seibel)

terça-feira, 22 de março de 2011

A síndrome de Caim

A civilização humana evoluiu assustadoramente, especialmente nos últimos anos com o avanço da tecnologia. Porém, o homem interior em nada evoluiu. Continua apresentando os mesmos sinais e sintomas que tornaram Caim o primeiro homicida do universo. Apesar da vida em comunidade, do ensino religioso, do conhecimento, da igualdade de oportunidades o ser humano continua ciumento e invejoso.

Não sei por que, mas durante a minha viagem a Amazônia Legal, Deus me despertou para o capitulo 4 de Genesis, onde o texto registra o primeiro homicídio. Leia o texto:

“Conheceu Adão a Eva, sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse: Alcancei do Senhor um varão. Tornou a dar à luz a um filho - a seu irmão Abel. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
Então o Senhor perguntou a Caim: Por que te iraste? E por que está descaído o teu semblante? Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? E se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar.
Falou Caim com o seu irmão Abel. “E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.”

Os conflitos entre os filhos numa família parecem inevitáveis. O relacionamento entre irmãos proporciona tanto a competição como a cooperação. Na maioria dos casos, a mistura de amor e brigas cria, por fim, um laço forte entre familiares. Do outro lado, não é raro ouvir alguns pais dizerem: “Eles brigam tanto; espero que um dia não se matem”. No caso de Caim, o problema em potencial tornou-se realidade. E embora pouco se saiba sobre a primeira criança do mundo, podemos aprender através de sua história.

A fúria

Caim ficou furioso. Porque tanto ele quanto seu irmão Abel haviam oferecido sacrifícios a Deus, mas aparentemente os seus sacrifícios foram rejeitados. A reação de Caim nos dá a idéia de que sua atitude estava errada.

Por que Deus teria se agradado da oferta de Abel e rejeitado a oferta de Caim? O que estaria errado com a oferta de Caim?

Algo que os pais precisam atentar em relação aos filhos, é que os filhos são super inteligentes e criativos e conseguem captar as coisas muito rapidamente. E uma mente fértil consegue imaginar o imaginável; fazer existir o que ainda não gerou na mente do outro; consegue trazer a existência o que ainda não existe; e finalmente baseada na imaginação consegue tomar decisões precipitadas, que na maioria das vezes causa tragédia. O que eu denomino de síndrome de Caim.

Por que Caim matou seu irmão?

É terrível quando a pessoa contrariada age com fúria; pois assume uma posição negativa mesmo quando uma possibilidade positiva lhe é oferecida. Caim poderia refletir de maneira positiva e buscar uma forma de agradar a Deus. Se a intenção do seu coração era oferecer uma oferta melhor do que a de seu irmão, na tentativa de agradar a Deus mais do que o seu irmão. Caim deveria agir de maneira a agradar a Deus e não se preocupar com a oferta de Abel e jamais alimentar no coração a idéia de que Abel iria tomar o espaço que era seu no coração de Deus. O que oferecemos a Deus precisa ser de coração – O melhor que somos ou possuímos.

O pensamento negativo ou a suposição nos levam muitas vezes a nos sentir rejeitado. A raiva não é necessariamente um pecado, mas as atitudes motivadas por ela podem ser pecaminosas. A raiva deveria ser energia por trás de uma boa ação e não uma unção maligna para nos conduzir ao inferno. As conseqüências do pecado duram toda vida. Um simples pensamento negativo pode levá-lo a destruir sua vida e sua família.

Quando a pessoa alimenta a sua mente com pensamentos negativos, ela torna-se escrava desses sentimentos. É terrível o complexo de inferioridade. Ele nos torna incapaz, dependente, e nos torna ridículos.

Normalmente a pessoa inferiorizada é extremamente invejosa, ciumenta, facilmente entra em crise de fúria e é capaz de matar. Mas ainda há solução.

No caso de Caim, ele tinha uma escolha a fazer. Ele poderia corrigir sua atitude quanto à oferta oferecida a Deus ou descontar a raiva em seu irmão. Sua decisão é um claro lembrete de como estamos cientes das escolhas opostas que estão diante de nós e mesmo assim optamos por fazer a que é errado; exatamente como procedeu Caim.

Podemos não escolher o assassinato, mas ainda estamos intencionalmente escolhendo o que não deveríamos fazer. Os sentimentos motivados do nosso comportamento não podem ser mudados por uma simples reflexão. Mas aqui podemos experimentar a disposição de Deus em ajudar-nos. Ele consegue ver e sentir a intenção do coração e não aquilo que aparentemente você demonstra. Deus, mesmo triste com seus atos, consegue te abraçar com tanto carinho e te responder um pedido de clamor. Quando você vai à igreja alimentando ódio no seu coração, Deus não o impede, mas sabe que você está errado. Você é daqueles que louva a Deus com os lábios, mas alimenta pensamentos impuros e profanos contra seus irmãos, alimenta ódio no coração. Cuidado! Mesmo indo à igreja, você corre sério risco de praticar uma tragédia.

Reflita sobre esses sentimentos e avalie o comportamento das pessoas, a começar por você mesmo.
Um sinal evidente do nosso fracasso é o sentimento de auto-comiseração. Ou seja, a pessoa que tem pena de si mesmo, e se acha incapaz de realização. Esse tipo de gente é mais alimentado pelo elogio do que pela própria comida. Deus age baseado na intenção do coração e não meramente na atitude do ser humano.

Cuidado com o sentimento de rejeição... Esse sentimento alimenta o ódio, o ciúme, a inveja. Repreenda a síndrome, confesse o pecado e peça à Jesus que lhe conceda o dom de amar... De acreditar em si mesmo. Você é capaz..

sexta-feira, 4 de março de 2011

Quando as máscaras caem

Uma vez por ano elas submergem – pessoas modernas – no anonimato das máscaras sem nome. Uma vez por ano elas querem gozar como desconhecidas, aquilo que a vida oferece. Uma vez por ano elas se livram das amarras da responsabilidade, das preocupações e da autodisciplina. Mas como passam rapidamente os dias de divertimento sem controle! A toda bebedeira segue uma ressaca; todos que usam máscaras serão desmascarados.

Existe alguém que não se deixa enganar pela tua fantasia, - Alguém diante de cujos olhos de fogo não existem pessoas atrás das máscaras. Os olhos do Deus vivo e santo vêem todas as coisas. Eles te seguem sempre e em todos os lugares! Na Bíblia está escrito:

“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando levanto... Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos... Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também... Se eu digo: As trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te são escuras: as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” (Salmo 139).

Também na balbúrdia do carnaval, os olhos de Deus te observam. Mesmo que submirjas, mesmo que nenhuma pessoa te identifique – Deus te reconhece! Ele sabe a respeito de tudo que fazes. Diante dele, têm que cair todas as máscaras! Permite-me perguntar-te: como ficas depois da folia do carnaval? Seja sincero, não te iludas! Não é assim: teu coração está vazio, ficas mal-humorado, tu te sentes miserável. A vida ficou monótona e vazia. Restou somente um gosto amargo. O tempo do carnaval veio a ti em vestes de alegria, mas sempre lhe seguem vultos vestidos de preto. Trata-se das aflições, das dores de consciência, do sofrimento e do desespero.

Feliz de ti se capitulares hoje diante de Deus! Feliz de ti, se cair tua máscara! Pois Deus te faz uma oferta. Se quiseres, ainda hoje ele te dará alegria pura e verdadeira, que não tem nada em comum com a alegria “mascarada”. Trata-se de uma alegria que poderás levar para tua vida diária.

Tu te sentes sujo e manchado pelo pecado? Está o teu coração decepcionado e vazio? Então vem a Jesus Cristo, o Filho de Deus. A Bíblia diz:

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16) – “...o sangue de Jesus, seu filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1.7). – Deus diz: “Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a núvem; torna-te para mim, porque eu te remi” (Isaías 44.22). Virá o dia em que todas as pessoas do mundo terão que comparecer ao juízo de Deus: “...para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2.10-11).

Esse será o dia em que o Deus santo arrancará dos rostos dos homens as máscaras da justiça própria, do orgulho e da altivez. De que maneira terrível aparecerá então a pecaminosidade e pobreza de uma vida desperdiçada! Por isso, deixa desmascarar-te hoje por Deus. Aceita a graça de Deus, que te é oferecida em Jesus Cristo. Hoje ele quer ser teu Salvador, amanhã talvez já seja teu Juíz! Aceita na fé o perdão dos pecados através do sangue de Jesus Cristo. Inicia hoje uma nova vida com teu Deus, uma vida de que não te precisarás envergonhar na Eternidade! (Y. M. - http://www.ajesus.com.br)
Extraído do Folheto Quando as Máscaras Caem (pacote com 100).