Sorrisos abundantes. Celebração de corpos, da fantasia
sem regras e da cultura brasileira. Mas por que mesmo estamos felizes?
Glamourizar a alegria não garante nada. E o Carnaval pode
ser apenas poeira levantada num país em que gostamos de “levantar poeira”, mas
nem sempre com a clareza do que significa “dar a volta por cima”.
Se os brincantes nos dizem que faz parte da própria
natureza da festa não levá-la a sério, não deveríamos, no mínimo, desconfiar de
quem a defende seriamente? Claro, sem a ingenuidade de quem acha possível
esconder os problemas no armário na sexta-feira e esperar que eles virem cinzas
na quarta-feira seguinte.
Por outro lado, a igreja cristã brasileira ainda patina
na compreensão do que é cultura, e -- mais importante -- de relacioná-la com a
essência do Evangelho. Esconder-se da cultura não é assumir a tarefa bíblica de
discernir com sabedoria as luzes e sombras da sociedade.
Vale lembrar que Deus também nos deu, lá no Jardim do
Éden, o mandato de produzir cultura. Como bem lembra Guilherme de Carvalho em Fé
Cristã e Cultura Contemporânea, “a tarefa de cultivar, isto é, produzir
cultura, implica observar, aprender e desenvolver técnicas para lidar com a
natureza. Não é preciso muito esforço para compreender a complexidade dessa
tarefa. (...) Parece claro que Deus encarregou o homem de manifestar a sua
imagem por meio do trabalho criativo, ou seja, por meio da cultura”.
É óbvio que para tal tarefa não pode faltar o ingrediente
da criatividade, porque se somos imagem e semelhança de um Deus Criador,
carregamos a alegre centelha criativa que dura bem mais do que quatro dias.
Fonte: ultimato online
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