sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ministro, bênção ou maldição


Referência: Malaquias 2.1-9

1. A obediência produz bênção, enquanto a desobediência acarreta maldição – Dt 28:2,15
A desobediência de Israel foi a causa do exílio na Babilônia (Dt 28:64-67). Com a volta do cativeiro, a monarquia não é mais restaurada. Israel deixa de ser uma nação política e se torna um rebanho religioso. Nesse contexto, o sacerdote é a figura principal. Ele também exercia o ministério docente e profético (Ne 8:1-8).
Agora, Deus está advertindo novamente sobre a maldição. Estava sendo provocada pelos sacerdotes (2:2). Ela veio e Israel ficou mais 400 anos sem voz profética, mergulhado em profundas angústias. A ausência de profetas foi um duro golpe em Israel e se tornou um marco histórico dolorido, uma verdadeira calamidade. 
2. A liderança espiritual nunca é neutra, ela é uma bênção ou uma maldição
O desvio do povo começou na sua liderança. Primeiro os sacerdotes se corromperam, desprezando o nome de Deus, depois o povo começou a trazer animais cegos, coxos, doentes, dilacerados para Deus.
Quando os líderes não honram a Deus, o povo se desvia. O profeta Oséias já alertara em nome de Deus: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento…” (Os 4:6). 
I. AS BÊNÇÃOS MINISTERIAIS TRANSFORMADAS EM MALDIÇÃO – v. 1-4 
1. A natureza da maldição sobre as bênçãos
a) A maldição cai sobre os próprios ministros (v. 2) – “…enviarei sobre vós a maldição”. Isto é o reverso da promessa original para a obediência: “eu enviarei minha bênção sobre ti”.
b) A maldição cai sobre as próprias bênçãos dadas pelos ministros (v. 2) – “…e amaldiçoarei as vossas bênçãos”. Deus não diz: eu vou enviar a maldição em vez de bênção. Ele diz: eu vou amaldiçoar as vossas próprias bênçãos. Quando os sacerdotes levantavam as mãos para abençoar (Nm 6:24-26), em vez de receber bênção, o povo recebia maldição. 
2. A razão da maldição sobre as bênçãos 
a) Porque os ministros negligenciaram a Palavra de Deus (v. 2) – “Se o não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração…”. Esse oráculo foi endereçado especificamente aos líderes (2:1). A palavra hebraica miswa indica que não se pode recorrer do castigo que será pronunciado. Deus está enviando uma sentença irrecorrível, porque os pregadores relaxaram em instruir o seu povo na Palavra. Os homens que deviam ensinar a Palavra de Deus não estavam fazendo isso adequadamente. Hoje, há igrejas cujos pastores são desencorajados a estudar, por acharem que isso é carnalidade. Devem abrir a Bíblia ao acaso e o que saltar aos olhos do pregador é o que se deve pregar. Depois, ainda dizem: “Foi o Senhor que mandou”. Os pecados do líder são os mestres do pecado. Se ele despreza a Palavra de Deus, é instrumento de maldição e morte e não de bênção e vida.
b) Porque os ministros desprezaram o nome de Deus (v. 2) – “… se não propuserdes dar honra ao meu nome”. Honrar significa “dar peso, mostrar atenção, considerar como importante”. O nome de Deus estava sendo desonrado pela vida dos ministros, pelas ofertas trazidas à sua casa, pela falta de fervor espiritual do povo. Quem não vive para a glória de Deus, vive de forma vã. Os pregadores não apenas negligenciaram a Palavra, mas também não a colocaram em prática. 
3. As implicações da maldição sobre as bênçãos 
a) Uma descendência reprovada (v. 3) – “Eis que vos reprovarei a descendência…”. A palavra descendência no hebraico é semente. Assim, essa expressão foi interpretada de duas maneiras: 1) Pode ser que as colheitas serão fracas – fazendo os dízimos e ofertas diminuírem. Corta o sustento dos sacerdotes; 2) Pode significar a posteridade – Uma diminuição contínua de pessoas e colheitas era o julgamento de Deus.
b) Uma liderança desonrada (v. 3) – “… atirarei excremento aos vossos rostos, excremento dos vossos sacrifícios”. Como eles trouxeram o pior para Deus, agora eles recebem o pior de Deus. Como eles afrontaram a Deus, agora são desonrados por Deus. Jogar algo no rosto de uma pessoa era uma ofensa muito grave. Deus envergonha publicamente os sacerdotes.
c) Uma liderança rejeitada (v. 3) – “… e para junto deste sereis levados”. O excremento dos sacrifícios devia ser levado para fora do arraial e queimado (Ex 29:14; Lv 4:11). Para Deus os que ofereciam sacrifícios sem valor eram tão revoltantes que eles e seus sacrifícios deveriam acabar no depósito de esterco, longe da presença de Deus. Os sacerdotes seriam tirados do templo e seriam lançados numa montanha de excremento. Os sacerdotes seriam depostos. Eles não continuariam no ministério. Eles seriam rejeitados por Deus. Exemplo: Belsazar.
d) Uma liderança que só atenta para Deus quando é tarde demais (v. 4) – “Então sabereis que eu vos enviei este mandamento…”. Muitos ministros, muitos líderes vão continuar desonrando a Deus, desprezando a Palavra de Deus até serem apanhados e envergonhados em público. 
II. A BÊNÇÃO DE SER UM VERDADEIRO MINISTRO – v. 5-7 
1. Um verdadeiro ministro mantém um profundo relacionamento com Deus – v. 5,6
 “…com efeito ele me temeu, e tremeu por causa do meu nome… andou comigo em paz e em retidão”.
Andar com Deus é mais importante do que trabalhar para Deus. Deus é mais importante que a sua obra. Jesus chamou os doze apóstolos para estarem com ele, só, então, os enviou a pregar.
Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que nós fazemos. Ele não quer ativismo vazio, ele quer vida no altar.
2. Um verdadeiro ministro é incorruptível na doutrina – v. 6 
“A verdadeira instrução esteve em sua boca”.
Há uma profunda conexão entre o que o homem fala e o que homem é (Sl 15:2; Pv 18:4; Mt 12:33-37; Lc 6:45. Tg 1:26; 3:1-12).
Um ministro que sonega a Palavra de Deus ao povo, que torce a Palavra de Deus e diz ao povo o que Deus não está dizendo, é um falso ministro, um falso profeta.
Hoje estamos vendo a igreja evangélica em profunda crise. Há desvios sérios: 1) Liberalismo; 2) Sincretismo; 3) Pragmatismo; 4) Ortodoxia morta.
O apóstolo diz: “… No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito” (Tt 2:7,8). 
3. Um verdadeiro ministro é estudioso e proclamador da Palavra de Deus – v. 7
“Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque é mensageiro do Senhor dos Exércitos”.
Há muitos ministros preguiçosos, que não estudam a Palavra. Dão palha, em vez de pão ao rebanho. Alimentam o povo de Deus com o refugo das ideias humanas, em vez de apresentar-lhes o banquete rico das iguarias de Deus.
Outros ministros perderam a paixão pela proclamação da Palavra de Deus. Precisamos resgatar o entusiasmo pela pregação da Palavra de Deus. Somos mensageiros de Deus! A única forma de vermos uma nova reforma na Igreja é uma volta à Palavra, a pregação fiel da Palavra!
4. Um verdadeiro ministro é um ganhador de almas – v. 6
“… e da iniquidade apartou a muitos”. O verdadeiro ministro é bem-sucedido em seu trabalho. A Bíblia diz que um planta, outro rega. A uns Deus usa para evangelizar; a outros Deus usa para edificar os salvos.
Precisamos reacender em nosso coração a paixão pela evangelização. A igreja não vive para si mesma. A igreja evangeliza ou morre. Uma igreja que não evangeliza não pode ser evangélica. A igreja é uma agência missionária ou um campo missionário.
Há uma recompensa para os ganhadores de alma: “… os que a muitos conduzirem à justiça, resplandecerão como as estrelas sempre e eternamente” (Dn 12:3). 
III. A MALDIÇÃO DE SER UM FALSO MINISTRO – v. 8-9 
1. Um falso ministro não anda com Deus em fidelidade – v. 8,9
“Mas vós vos tendes desviado do caminho [...] violastes a aliança de Levi [...] visto que não guardastes os meus caminhos”.
Há um declínio vocacional. O fracasso tinha seu início na vida pessoal dos sacerdotes. Tinham vidas indignas e ensinos errados. Sua vida não é pautada pela verdade. Sua conduta é incompatível com o seu ministério. Sua vida reprova o seu trabalho. Há um abismo entre o que ele se propõe a fazer e o que ele vive.
Estamos vivendo uma crise moral na liderança evangélica brasileira: pastores caindo em adultério, pastores abandonando a sã doutrina, escândalos de toda sorte irrompendo dentro das igrejas. 
2. Um falso ministro perverte o ensino da Palavra de Deus – v. 8
“Violastes a aliança de Levi… E por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos”.
Os sacerdotes tentaram obter popularidade mudando a lei de Deus. Eles bandearam para o pragmatismo. A teologia está errada e a vida está errada. Quando os ministros deixam de lado a sã doutrina, a vida deles se corrompe. A impiedade leva à perversão. A heresia sempre desemboca em imoralidade.
Oh! quantos desvios doutrinários hoje! Quantos abusos contra a santa Palavra de Deus. O povo de Deus está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento. Há lobos travestidos de pastores. Muitos hoje estão vendendo a graça de Deus. A igreja passou a ser uma empresa particular, o evangelho um produto, o púlpito um balcão, os crentes consumidores.
Há morte na panela nos seminários, nos púlpitos, nos livros, nas músicas. 
3. Um falso ministro é pernicioso em seu ensino e exemplo – v. 8
“… e por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos”.
Os sacerdotes não somente falharam em ensinar o povo a guardar a lei, mas eles ensinaram o povo, pelo mau exemplo, a desobedecer a lei.
Em vez de andar na luz, anunciar a verdade, os falsos ministros torcem a Palavra de Deus, ensinam o erro, e desviam as pessoas de Deus, em vez de levá-las ao conhecimento de Cristo.
Em vez de serem ministros da reconciliação, são pedra de tropeço. Em vez de bênção, são maldição.
Jesus denunciou os fariseus pelo seu proselitismo apóstata (Mt 23:13-15). Não podemos separar mensagem de vida. 
4. Um falso ministro é parcial na aplicação da lei – v. 9
“… e vos mostrastes parciais no aplicardes a lei”.
A igreja não pode advertir uns e cortejar outros. Os sacerdotes, às vezes, exerciam funções judiciais (Dt 17:9-11). Os juízes não deviam demonstrar parcialidade com ricos nem com pobres (Lv 19:15).
Um falso ministro não é regido pela verdade, mas pela conveniência. Ele nunca busca honrar a Deus, mas ganhar o aplauso dos homens. Ele não visa a glória de Deus, mas o lucro. Ele tem dois pesos e duas medidas. Ele favorece uns e penaliza outros. Sua consciência não é cativa da verdade.
A Bíblia nos exorta a não fazermos acepção de pessoas.
5. Um falso ministro será desacreditado em público – v. 9
“Por isso também eu vos fiz desprezíveis e indignos diante de todo o povo…”.
Deus não honra aqueles que não o honram. Aqueles que são líderes terão um julgamento mais severo. O líder será apanhado pelas próprias cordas do seu pecado. Quem zomba do pecado é louco. Os falsos ministros serão expostos ao vexame, ao opróbrio público e serão banidos do ministério.
 CONCLUSÃO
1. O perigo da liderança violar a aliança do Senhor
Os sacerdotes violaram a aliança do sacerdócio por três razões: Primeiro, desobediência à Palavra de Deus; segundo, corrupção no ensino da Palavra de Deus; terceiro, parcialidade no aplicar a Palavra de Deus.
Os sacerdotes cometeram dois graves erros: Primeiro, deixaram de andar com Deus; segundo, quiseram lisonjear os homens.
Os sacerdotes não podem pecar sozinhos nem cair sozinhos. Eles sempre arrastam outros consigo.
Se uma pessoa se recusa a ser ensinada pelo preceito, será ensinada pelo julgamento (v. 3,4).
Opróbrio público é o destino de todo líder infiel.
 2. A oportunidade da liderança ser uma bênção nas mãos do Senhor
Se nós esperamos de Deus bênçãos, devemos dar a ele obediência (v. 5).
Um verdadeiro ministro usualmente terá a alegria de levar outros a Cristo (v. 6,7).
Rev. Hernandes Dias Lopes

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