A vida cristã é temperada com sofrimento, mas caminha
para a glória. Cruzamos vales profundos, mas também subimos montes
alcantilados. Vertemos lágrimas amargas, mas também experimentamos alegria
indizível. Em Romanos 8.18-27 Paulo fala sobre o problema do sofrimento e da
dor. Ele contrasta o sofrimento presente com a glória futura. Paulo menciona
três gemidos. Fala do gemido das duas criações: a antiga (a natureza) e a nova
(a igreja). Elas sofrem juntas e juntas serão glorificadas no final. Vejamos
esses três gemidos.
Em primeiro lugar, os gemidos da criação (Rm 8.18-22). Quando Deus
terminou a obra da criação, viu que tudo era muito bom. Mas hoje a criação está
gemendo. Há sofrimento e morte. Há dor e gemidos. Há sofrimento (v. 18),
vaidade (v. 20), escravidão (v. 21), corrupção (v. 21) e angústia (v. 22). Mas
esse gemido da criação não é o gemido de alguém que está morrendo, mas é como o
gemido de uma mulher que sofre as dores de parto. Depois do gemido, vem a
alegria. A criação geme aguardando a revelação dos filhos de Deus, a gloriosa
segunda vinda de Cristo. Nós vamos participar da glória de Cristo e a natureza
vai participar da nossa glória. Aqui pisamos uma estrada juncada de espinhos.
Aqui, as pedras ferem nossos pés. Aqui a natureza sujeita ao pecado conspira
contra nós. Aqui a dor fuzila nosso corpo e a angústia oprime a nossa alma.
Aqui as lágrimas inundam nossos olhos e a tristeza entrincheira a nossa vida.
Porém, em breve, essa mesma criação que geme, será restaurada e participará da
glória dos filhos de Deus, quando Cristo vier em sua glória.
Em segundo lugar, os gemidos da igreja (Rm 8.23-25). Nós gememos por
causa da fraqueza do nosso corpo e por causa da presença do pecado em nosso
ser. Nós gememos porque embora já fomos libertos da condenação do pecado (na
justificação), e estamos sendo libertos do poder do pecado (na santificação)
ainda não fomos libertos da presença do pecado (na glorificação). Nós gememos
porque já experimentamos as primícias do Espírito e já sentimos o gosto da
glória por vir. O Espírito em nós é mais do que uma garantia da glória, é
antegozo dela. Nós gememos porque antevemos o gozo do céu e desejamos
ardentemente ser revestidos de um corpo de glória e chegar logo em nossa
Pátria, em nosso lar, o céu. Nós gememos, porque o melhor está ainda por vir.
Nós gememos aguardando esse dia. Os gemidos da igreja também não são gemidos de
desespero ou pavor, mas gemidos de expectativa. Aguardamos na ponta dos pés
esse glorioso dia, quando Jesus virá com grande poder e glória para estarmos
para sempre com ele.
Em terceiro lugar, os gemidos do Espírito Santo (Rm 8.26,27). Não
apenas a criação e a igreja estão gemendo, mas também o Espírito Santo está
gemendo. Isso significa que a despeito das nossas fraquezas, o Espírito Santo
não nos escorraça. Ao contrário, nos assiste. O Espírito Santo é o Deus que
habita em nós e intercede por nós, em nós, ao Deus que está sobre nós. E
intercede de três formas: Primeiro, intensamente (v. 26). Ele intercede por nós
"sobremaneira". O Espírito Santo emprega todos os seus atributos
nessa oração intercessória.
Segundo, agonicamente (v. 26), ou seja, com gemidos
inexprimíveis. Mesmo sendo Deus e conhecendo todas as línguas dos homens e dos
anjos, não encontra sequer uma língua para articular a sua intensa e agônica
oração, então geme. Terceiro, eficazmente (v. 27), ou seja, ele intercede
segundo a vontade de Deus. Toda a intercessão do Espírito Santo em nós, por
nós, ao Deus que está sobre nós, está alinhada com a vontade de Deus. Ele não
desperdiça sequer uma intercessão em nosso favor. Por isso, temos a garantia de
que mesmo cruzando aqui os vales mais escuros, estamos a caminho do céu, pois
aqueles que foram salvos pela graça, desfrutarão da glória eterna!
Rev. Hernandes Dias Lopes
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