Referencia: Joel, 2:12-17.
Ao percorrer o Brasil pregando nas igrejas, tenho visto igrejas fortes, grandes; mas também tenho visto igrejas fracas, fechando as portas. Tenho visto líderes cheios do Espírito Santo, comprometidos com a verdade... Mas também tenho visto líderes caindo em pecado, retrocedendo no ministério e desistindo da obra de Deus. Eu não tenho dúvidas de que a igreja evangélica brasileira precisa urgentemente de voltar às Escrituras. Nós temos percebido sinais extremamente perigosos de “flerte” por um lado com o liberalismo teológico; e por outro lado, com o sincretismo religioso.
Muitas igrejas se renderam ao pragmatismo, onde igrejas estão negociando a verdade transigindo com o absoluto de Deus e abrindo suas portas para toda sorte de novidade do mercado da fé com propósito de atrair multidões. Desta forma estamos vendo igrejas de pessoas vazias. Vendo grandes ajuntamentos, mas sem quebrantamento. Pregadores, pregando o que o povo quer ouvir e não o que o povo precisa ouvir. Estamos assistindo uma explosão numérica da igreja evangélica no Brasil, mas com pequeno crescimento do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo nosso Senhor.
É importante entender que nós não podemos ser atraídos pela numerolatria e nem ficarmos presos a numerofobia. Não podemos nos deixar levar por multidões, pois essas multidões não estão recebendo o verdadeiro evangelho. E onde não está o verdadeiro evangelho, aí não está à presença do Senhor Jesus. Porque Ele é a verdade, a sua palavra é a verdade.
Quero chamar sua atenção para o livro de Joel cap. 2, no momento em que o povo de Judá também estava passando por um momento de abandono da verdade. A crise havia chegado e o profeta naquele momento chama o povo de volta a Deus para um tempo de restauração. O profeta Joel nos ajuda a entender a situação da igreja evangélica brasileira. Porque no seu tempo a nação de Judá estava também marchando rapidamente para a apostasia. E o sinal do juízo de Deus foi trazer a seca, trazer os gafanhotos, trazer a nação impiedosa dos caldeus para invadir a cidade de Jerusalém e levar o povo cativo. Nesse momento de angustia e desespero o profeta bradou para trazer o povo de volta à presença de Deus.
Como deve ser esta volta à Deus, para que a igreja seja restaurada?
Primeiro, é uma volta para uma relação pessoal com Deus. “Convertei-vos a mim”, diz o Senhor. Hoje o relacionamento das pessoas está sendo muito mais com a instituição, com a igreja, com determinados ministérios do que para Deus. Esta conversão não é a essa ou aquela igreja ou a essa ou aquela doutrina, ou a uma visão de um determinado líder: É uma volta para Deus. Só Deus pode trazer cura e restauração para a Igreja. Só nele nós encontramos saída para esta crise que se abate sobre a igreja contemporânea.
Segundo, essa volta precisa ser profunda. De todo coração “Convertei-vos a mim de todo o coração”. Não se trata de algo superficial, epidérmico, emotivo, apenas num acampamento, num congresso ou numa êxtase espiritual. É uma volta para Deus consistente, permanente, profunda, é um quebrantamento de coração.
Deus não se impressiona com os nossos gestos, nem com a nossa performance. Muitas vezes estamos assistindo na igreja evangélica brasileira, uma espiritualidade cênica, teatral de performance humana. De palco, de luzes. Deus procura a verdade no íntimo.
Em terceiro lugar, o profeta diz que esta volta para restauração precisa ser uma volta diligente. “Isso com jejuns” (Versículo 12). Qual foi a última vez que você jejuou para quebrantar seu coração diante de Deus? Qual foi a última vez que você jejuou reconhecendo suas fraquezas, seus pecados, voltando-se para Deus? Quem jejua está dizendo que aquilo que é essencial para o corpo é menos importante do que estar na presença de Deus. Muitas vezes não jejuamos mais porque perdemos o sabor do pão do céu. Não temos mais apetite pela comunhão com Deus. Jejuar é ter fome de Deus, é ter pressa de acertar a vida com Deus. Jejuar é colocar Deus em primeiro lugar na nossa vida. Nós precisamos como igreja evangélica brasileira voltar-nos para Deus, com jejum de lamento pelo pecado.
Em quarto lugar, a volta para Deus tem que ser com quebrantamento. “Convertei-vos a mim com choro e com pranto...” Os nossos olhos estão enxutos demais. Muitas vezes vertemos lágrimas por motivos fúteis. Quantas pessoas choram diante dos melodramas das telenovelas? Muitas vezes elevadas de promiscuidades. Mas não choram por seus pecados. Não choram pela família no pecado, não choram mais pela apostasia na igreja. Não choram pela decadência moral. Deus espera da igreja uma volta com quebrantamento, com lágrimas e com pranto.
O profeta continua dizendo que essa volta para Deus tem que ser sincera. Ele diz no versículo 13 “Rasgai o coração e não as vossas vestes”. Naquela época os sinais de tristeza eram evidenciados quando a pessoa rasgava as suas vestes e se cobria com pó e cinza. Essa prática tornou-se apenas um ritual costumeiro. Deus não se impressiona com a exteriorização da espiritualidade. Os fariseus da época de Jesus eram mestres disso. Gostavam de estar nos primeiros lugares, exteriormente eram campeões da pureza, do zelo, mas por dentro tinham o coração sujo. Eram como sepulcros caiados. Eram atores e Jesus não se impressiona com palavras bonitas, com emoção. Jesus não quer a teatralização da espiritualidade. Ele não se contenta com a espiritualidade cênica, de palco, de performance humana. Ele quer corações rasgados. Ele quer arrependimento verdadeiro, espiritualidade genuína. Que expresse de fato à volta para Deus, que resulta em restauração.
O profeta prossegue dizendo que todos precisam se voltar para Deus. “Proclamai uma assembléia solene”. Isso significa que há momentos em que o povo de Deus precisa se voltar a Ele coletivamente. Igrejas precisam se arrepender, denominações precisam se voltar à verdade da Escritura Sagrada; seminários precisam voltar à ortodoxia. Precisamos rever nossa postura, nossa posição e voltar-nos para o Senhor para que não caia sobre nós a ira de Deus. Por ter nos afastado da verdade e nos desviado da rota do verdadeiro evangelho. Não podemos entrar na mesma vereda de morte de muitas denominações do passado; muitas igrejas fecharam as suas portas na Europa, na America, onde conhecemos o fenômeno de igrejas mortas. Que Deus tenha misericórdia da igreja evangélica brasileira.
Pr. Hernandes Dias Lopes - Programa Verdade e Vida
Transcrito por Lúcio Freire
Nenhum comentário:
Postar um comentário