Efeitos da rejeição
O amor de pai contribui tanto – ou até mais – para o
desenvolvimento de uma criança quanto o amor de mãe.
Esta é a conclusão de um estudo internacional de longo
prazo sobre os efeitos da aceitação e da rejeição dos pais sobre a formação da
personalidade dos filhos.
“Em meio século de pesquisas internacionais, nós não
descobrimos nenhuma outra classe de experiências que tenha um efeito tão forte
e tão consistente sobre a personalidade e o desenvolvimento da personalidade
quanto a experiência da rejeição, sobretudo a rejeição dos pais na infância,”
relata o Dr. Ronald Rohner.
Rohner, da Universidade de Connecticut (EUA), é coautor
de uma análise que avaliou centenas estudos, de diversas partes do mundo,
incluindo mais de 10.000 participantes, da infância até a idade adulta.
Amor de pai versus amor de mãe
Quando avaliaram separadamente o impacto da presença ou
da ausência do amor do pai ou do amor da mãe, os pesquisadores encontraram uma
diferença significativa.
A influência da rejeição pelo pai é significativamente
maior do que a da mãe.
Os psicólogos levantam uma hipótese para explicar essa
diferença: segundo eles, pode ser que as crianças e os adolescentes deem mais
atenção ao pai quando este parece ter mais prestígio e poder interpessoal.
Assim, se uma criança percebe o pai como alguém de maior
prestígio, ela pode ser mais influenciada por ele do que pela mãe.
Mas a equipe afirma que está realizando mais pesquisas
para confirmar essa hipótese.
Além de Freud
A mensagem mais importante que se pode tirar dessas
constatações, quaisquer que venham a ser suas explicações, é que o amor do pai
é crítico para o desenvolvimento de uma pessoa, diz o pesquisador.
A importância do amor do pai deve ajudar a motivar os
homens a se tornarem mais envolvidos no cuidado com os filhos.
Além disso, afirma ele, o reconhecimento de que a
influência do pai é tão, ou mais importante, do que a influência da mãe, deve
ajudar a reduzir a mania de colocar a culpa de tudo nas mães, uma tendência nas
escolas de psicologia e psiquiatria desde Freud.
Consequências da rejeição pelos pais
“Crianças e adultos em todo o mundo – independentemente
de diferenças de raça, cultura e gênero – tendem a responder exatamente da
mesma forma quando percebem que estão sendo rejeitados pelos pais ou pelas
pessoas que cuidam deles,” elucida o pesquisador.
Nesses casos, as crianças sentem-se mais ansiosas e
inseguras, e desenvolvem maior hostilidade e agressividade em relação às outras
pessoas. Quando se tornam adultas, elas têm dificuldade em estabelecer
relacionamentos firmes e de confiança com seus parceiros.
Estudos envolvendo neuroimagens mostram que a rejeição
ativa as mesmas partes do cérebro que a dor física. “Contudo, ao contrário da
dor física, as pessoas podem reviver psicologicamente a dor emocional da
rejeição por anos a fio,” disse o pesquisador.
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