Esta é a mensagem que vemos sendo anunciada em quase
todos os lugares. Talvez nem sempre dita assim tão explícita, mas percebemos
suas variações quando também se diz: “pare de sofrer!”, “tenha uma vida
vitoriosa!”, “Você nasceu para ser cabeça e não cauda!”, “decrete e profetize
sua vitória!”, “tome posse pela fé!” e tantas outras ordens e palavras que, na
cabeça de muita gente, vira uma espécie de anestésico contra as dores que os
problemas da vida provocam na gente.
A sociedade atual se esconde do sofrimento e o nega
porque ele desmascara nossas fragilidades. A questão é que a ferida continua
aberta, a infecção vai se alastrando cada vez mais, a doença emocional vai se
enraizando, vai matando lentamente, mas seus efeitos são maquiados pela não
sensação de dor. Se esquecem de que o próprio sofrimento pode ser uma bênção,
pois ele nos avisa sobre a necessidade de que algo deve ser feito.
Embora haja fundamento bíblico para nos dizermos mais do
que vencedores por meio de Jesus, esta palavra “vencedores” não segue o modelo
e o padrão moderno de entendimento do que seja vencedor segundo a ganância dos
homens. O perfil do vencedor moderno é aquele que até pode passar por alguma
dificuldade, mas consegue tudo o que quer. Sempre vence as dificuldades virando
o jogo com palavras mágicas. Nunca demonstra em público suas fraquezas. Este é
o vencedor das externalidades, da futileza, do terno Armani, da bolsa Louis
Vuitton, do carro de luxo, de ter dinheiro, poder e influência sobre a vida das
pessoas. É o que se faz vencedor pela força bruta, é o indestrutível.
Infelizmente, este tipo de vencedor é anunciado adoecida e insistentemente em
muitos púlpitos. Quem não se enquadra nesse padrão é rapidamente chamado de
“sem fé”, amaldiçoado, fraco ou derrotado.
Já, o Vencedor, segundo o Evangelho, é aquele que também
sofre, também passa por algum tipo de privação, pode até vencer de alguma forma
material, mas sabe discernir entre o momento de rir e o de chorar. Aprende a
viver cada um destes momentos reconhecendo que há um Deus que não somente
assiste, mas participa com a gente, ao nosso lado, de cada riso ou lágrima e
usa essas coisas também como ensino e crescimento para cada um de nós.
Perder ou ganhar, ser fraco ou forte, no entendimento bíblico,
não depende do troféu humano, das honrarias, homenagens, recompensas e
reconhecimentos que se recebe em vida.
Vencer não tem a ver necessariamente com possuir bens ou
ser curado de uma doença terminal. Estas coisas também, mas elas não tratam da
essência. Estão na superfície de uma vida muito mais profunda, muito além de
ter ou não os seus sonhos e pedidos realizados.
Aqueles que vencem ou venceram, nas Escrituras, perderam
o mundo para ganhar a Vida.
Alguns foram perseguidos, torturados, mortos, tiveram
seus bens espoliados, famílias separadas. A maioria não foi nenhum exemplo de
sucesso de empreendedorismo, de força de vontade ou estabilidade emocional.
Passaram fome, fugiram, tiveram medo, alguns desistiram ou abandonaram seus
projetos e chamados missionários, antes do tempo. Tiveram crises existenciais,
ficaram deprimidos, se sentiram enfraquecidos, desejaram morrer, mas foram
salvos e reencaminhados não por suas próprias forças, mas pela Graça infinita,
teimosa e amorosa de Deus. O verdadeiro vencedor é aquele que vence não por ele
mesmo, mas vencido, vence em Deus.
O vencedor, segundo as Escrituras, sabe que todas as
coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, mas nem por isso deixa de
se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram. Vive cada
sentimento de forma verdadeira, sem máscaras e consciente.
Nesta vida ainda vamos perder e achar muitas coisas,
muitas vezes. Alguns sonhos pessoais jamais serão alcançados, outros virão como
que presentes de Deus para nossas mãos. Não se permita ser julgado pelos outros
ou pela própria consciência por causa do que você ganha ou deixa de ganhar. O
importante é, como diria nosso irmão Paulo, o apóstolo: “quer vivamos ou
morramos, somos do Senhor.” (Romanos 14.8). Em outras palavras, desta vez,
ditas por Jó “o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o seu nome.” (Jo
1.21).
O sofrimento em si não nos torna derrotados. Podemos,
sim, aprender e sermos aperfeiçoados por causa dele. O rótulo é sempre algo
imposto de fora pra dentro. Nem sempre expressa uma realidade. Não se auto
impute um desmerecimento ou supervalorização falsos. O verdadeiro vencedor
aprende a dar nomes às suas responsabilidades, projeta sua esperança não nas
coisas que se veem, mas naquelas que são eternas. Assume seus erros, mas também
consegue se alegrar com cada pequenino passo em direção à Vida. Sabe perdoar e
também pedir perdão. O sofrimento dói, mas nos amadurece, nos ensina a
reconhecer o que de fato podemos chamar de vitória.
O Deus que venceu por todos te abençoe rica, poderosa e
sobrenaturalmente!
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