Alguma vez em sua vida você provavelmente já se
perguntou: “Por que Deus permite que soframos? Por que enfrentamos adversidades
e dores?”.
Existem várias respostas. Às vezes a tribulação é a
disciplina imposta por Deus. Quando não estamos caminhando com Ele como
deveríamos, Ele entra em cena como um pai amoroso para nos proporcionar
circunstâncias que foram projetadas para nos levar de volta a Ele. Outras vezes
sofremos simplesmente porque vivemos em um mundo cheio de pecado, sofrimento e
amargura.
Também pode ser que Deus nos permite sofrer para
beneficiar outros que estão ao nosso redor. Em Daniel 3, encontramos três
jovens judeus que haviam sido levados cativos para a distante Babilônia, onde
suportaram uma tribulação que permitiu a Deus revelar-Se ao reino gentio mais
poderoso da terra.
A Acusação
Para compreendermos a história deles, devemos nos lembrar
que, no segundo ano do cativeiro de Daniel (603 a.C.), o rei Nabucodonosor teve
um sonho. Ele não apenas queria alguém que pudesse interpretar seu sonho, como
também exigia que tal indivíduo adivinhasse do que constava aquele sonho.
Ninguém havia conseguido o feito até que Daniel e seus três amigos buscaram o
Senhor em oração. Então, Daniel disse a Nabucodonosor o que ele havia visto:
uma estátua de um homem com uma cabeça de ouro. A estátua significava, em
poucas palavras, uma figura do futuro do mundo. Nabucodonosor representava a
cabeça de ouro – o Império Babilônio.
A seguir, Daniel revelou e explicou o sonho.
Nabucodonosor entendeu parte da abrangência do que aquilo indicava, porque ele
declarou: “Certamente, o vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos
reis” (Dn 2.47). Mesmo assim, ele aparentemente se esqueceu daquele fato,
porque vários anos mais tarde sua resposta ao sonho foi erigir uma estátua de
aproximadamente 30 metros revestida de ouro e determinar que todos os homens no
reino se prostrassem diante dela e a adorassem. Três homens não fizeram isso:
os amigos de Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Seus nomes babilônios eram
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Então, os caldeus trouxeram esses homens sob
acusações diante do rei. (Daniel não estava entre eles e as Escrituras não
dizem nada sobre onde ele estava).
Nabucodonosor perguntou-lhes: “É verdade... que vós
não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro que levantei?” (Dn
3.14).
O versículo seguinte é o ponto crucial do capítulo: “Se
não a adorardes, sereis, no mesmo instante, lançados na fornalha de fogo
ardente. E quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (v.15). Nesse
ponto, Nabucodonosor considerou-se Deus a si mesmo.
Os três responderam: “Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te
responder. Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará
da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó
rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que
levantaste” (vv.16-18).
Quando Deus lhe traz problemas e dificuldades, nem sempre
é porque você fez alguma coisa errada ou por causa das circunstâncias normais
envolvidas em se viver num mundo perdido que está amaldiçoado pelo pecado. Às
vezes Deus quer dizer alguma coisa àqueles que estão ao seu redor, e Ele quer
usar você para transmitir a mensagem dEle.
Foi isso que Ele fez com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.
Essa não foi uma experiência agradável para eles. As Escrituras dizem que a
fornalha estava quente; e, por causa de sua raiva e de seu orgulho, o rei “ordenou
que se acendesse a fornalha sete vezes mais do que se costumava” (v.19). De
fato, ela estava tão quente que o fogo instantaneamente destruiu todos os
soldados que atiraram os três para dentro da fornalha.
O Desafio
Quando Deus lhe traz problemas e dificuldades, nem sempre
é porque você fez alguma coisa errada ou por causa das circunstâncias normais
envolvidas em se viver num mundo perdido que está amaldiçoado pelo pecado.
Então, Deus entrou como que em uma disputa com
Nabucodonosor. Ele quis deixar bem claro qual era a extensão de Seu poder,
soberania, bondade e graça.
É bem possível que algumas coisas que você está
enfrentando agora tenham menos a ver com você (embora você vá crescer a partir
delas) que com as pessoas ao seu redor. Talvez Deus tenha escolhido você como
um veículo para alcançar outros.
Esses homens tinham grande consideração e respeito por
Deus, e isso permitia que Deus os usasse. O mundo pode pensar que é grande coisa,
mas os crentes consideram a Deus. Isto é, eles honram a Palavra de Deus e os
Seus caminhos e O respeitam e O servem. Foi isso que Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego fizeram. Nesse ponto, eles foram amarrados e jogados para dentro da
fornalha.
Servir a Deus não é algo que vem com a garantia de que
sobreviveremos a todas as adversidades e sairemos ilesos. Nem significa que
sempre sobreviveremos. Significa que estamos à disposição dEle, e que Ele pode
fazer conosco aquilo que desejar. No caso de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego,
Deus lhes deu libertação.
Atônito, Nabucodonosor perguntou: “Não lançamos nós
três homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó rei. Tornou
ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro
do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos
deuses” (vv. 24-25).
A Escolha
Mas, sabe de uma coisa? Aqueles três homens não tinham
nenhuma garantia quando entraram; nem nós temos. Nunca sabemos se o plano de
Deus é trazer glória a Seu nome através de nosso martírio ou através de nossa
libertação.
Era aí que estava João Batista em Mateus 11. Cerca de
dois anos haviam se passado a partir do início do ministério de Jesus, e João
foi colocado atrás das grades, provavelmente coçando a cabeça e pensando:
“Espere aí! Pensei que eu fosse o precursor do Messias”. Então, ele enviou
mensageiros a Jesus, perguntando: “És tu aquele que estava para vir ou
havemos de esperar outro?” (Lc 7.19). As coisas não se encaixavam. Ele
pensava que Jesus iria libertar Israel de Roma e estabelecer o Reino Davídico.
Entretanto, ali estava ele, o precursor (Lc 1.17; Lc 7.27), na prisão. Logo
após esses acontecimentos, ele foi decapitado.
Somos servos do Deus vivo. Isso significa que somos
instrumentos para sermos usados por Ele. Estamos à disposição dEle. E devemos
pensar sobre nós mesmos, não como porcelana de valor inestimável, mas como
copos de papel que Deus pode usar para aquilo que Ele quer realizar.
Somos servos do Deus vivo. Isso significa que somos
instrumentos para sermos usados por Ele. Estamos à disposição dEle. E devemos
pensar sobre nós mesmos, não como porcelana de valor inestimável, mas como
copos de papel que Deus pode usar para aquilo que Ele quer realizar. Você não
pode dar mais a Deus do que Ele a você. Deus nunca toma nada que Ele não
substitua muitas vezes mais.
Em outras ocasiões, porém, Ele liberta de maneira
miraculosa. “Então, se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha
sobremaneira acesa, falou e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do
Deus Altíssimo, saí e vinde!” (Dn 3.26).
E eles saíram do meio do fogo sem sequer terem sido
chamuscados. O fogo não teve efeito algum sobre eles. Os cabelos deles não
estavam queimados, suas roupas não estavam danificadas, e o cheiro do fogo não
se apegou a eles. Deus havia escolhido protegê-los por intermédio de um anjo do
Senhor.
O mundo foi forçado a levar Deus em consideração por
causa dos três jovens judeus que resolveram adorar apenas a Ele: “Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos,
que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo
entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu
Deus. Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e língua que disser
blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e
as suas casas sejam feitas em monturo; porque não há outro deus que possa
livrar como este” (vv.28-29).
Às vezes, Deus deseja demonstrar Sua grandeza e poder e
está buscando pessoas que estejam dispostas a caminhar com Ele pelo meio da
fornalha ardente. Talvez você esteja nessa fornalha agora. Ou talvez você venha
a estar daqui a seis meses. Embora aquele possa ser um lugar amedrontador, você
precisa se lembrar de que Deus é tão capaz de libertar você da fornalha quanto em
meio a ela. A decisão é dEle. O que Ele requer de nós é fé.
Essa experiência foi um dos três principais “eventos de
Deus” na vida de Nabucodonosor que fizeram do primeiro rei dos tempos dos
gentios um adorador de Javé.
Se você e eu estivermos dispostos a colocar Deus em
primeiro lugar, então aqueles que estão ao nosso redor também poderão vê-lO.
Eles verão como você confia n’Ele à medida que for passando por dificuldades e
eles se maravilharão daquilo que Ele faz em sua vida e por meio de sua vida. (Richard
D. Emmons – (www.chamada.com.br)
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