É tempo de fazer um balanço. Devemos olhar para trás com
gratidão, para o presente com súplicas e para o futuro com esperança. O Salmo
126 ajuda-nos nesse exercício.
Em primeiro lugar, devemos olhar para o passado com gratidão (Salmo 126.1-3).
Depois de setenta anos de escravidão na Babilônia, Israel voltou à sua terra.
Deus tirou o povo do cativeiro com mão forte e poderosa. Essa libertação
produziu ditosa exultação entre o povo e impacto entre as nações. Quando
olhamos, também, para o passado, notamos que Deus nos tirou da escravidão para
a liberdade, das trevas para a luz e da morte para a vida. Deus quebrou o nosso
jugo e despedaçou nossas algemas. Jesus Cristo redimiu-nos de um terrível
cativeiro. Éramos escravos do diabo, do mundo e da carne. Vivíamos debaixo de
cruel opressão. Porém, Cristo nos libertou e hoje somos livres. Pertencemos à
família de Deus. Somos herdeiros de Deus e estamos assentados com Cristo nas regiões
celestes, acima de todo principado e potestade. Há um cântico em nossos lábios
e uma festa em nossa alma.
Em segundo lugar, devemos olhar para o presente com súplicas (Salmo 126.4). O
salmista voltou os olhos do passado para o presente e percebeu que as vitórias
do ontem não servem para nos manter de pé hoje. O mesmo salmista que estava
exultante com a libertação do cativeiro, agora, ao contemplar a realidade
presente, clama: "Restaura, Senhor, a nossa sorte com as torrentes do
Neguebe". O passado de glória tinha se transformado num deserto cinzento.
As vitórias do passado não eram suficientes para torná-lo vitorioso no
presente. Todo o dia é tempo de andar com Deus. Todo dia é tempo de ser cheio
do Espírito. Não podemos viver do passado nem morar na saudade. Precisamos
depender de Deus a todo tempo, o tempo todo. Mais do que isso, é preciso saber
que não temos forças para restaurar nossa própria sorte. Só Deus pode restaurar
nossa vida. Só Deus pode aprumar nossos joelhos trôpegos. Só Deus pode nos encher
de entusiasmo, quando nossa alma parece um deserto árido. Aprendemos com isso,
porém, que a crise não é o fim da linha. A sequidão de nossa vida não deve nos
levar ao desespero, mas à súplica ardente. A consciência da crise espiritual
pode nos levar aos pés do Senhor para uma virada bendita em nossa história.
Somente o Senhor tem poder para nos restaurar. Só dele vem a nossa cura. Essa
restauração é uma obra milagrosa. Assim como os rios invernais rasgam as areias
escaldantes do deserto do Negueve, o maior deserto da Judéia, Deus também, faz
nossa alma florescer em tempos de sequidão. Ele mesmo nos concede um novo vigor
espiritual e transforma nossos vales em mananciais cheios de vida!
Em terceiro lugar, devemos olhar para o futuro com esperança (Salmo 126.5,6).
Depois de olhar para o passado com gratidão e para o presente com súplicas, o
salmista, agora, olha para o futuro com esperança. O amanhã será de semeadura e
investimento. A semeadura exige desinstalação e ação. É preciso sair para
semear. A semeadura exige abnegação e sacrifício, pois além de sair, o semeador
anda e chora, regando o solo duro com suas lágrimas. Se a semeadura é regada de
lágrimas, a colheita certa é feita com júbilo. A recompensa da colheita é maior
do que o sacrifício da semeadura. Fazer a obra de Deus é investir para a
eternidade. É realizar um trabalho de consequências eternas. Não devemos
afrouxar nossos braços nessa bendita peleja. É hora de arregaçarmos as mangas e
trabalharmos com mais fervor. O tempo urge. A noite se aproxima. Então, não
haverá mais tempo de semear. Hoje, Deus nos convoca para sermos seus
cooperadores. Concede-nos a graça de investirmos nosso tempo, bens, talentos e
dons em seu trabalho. Portanto, levantemo-nos, irmãos, e coloquemo-nos a seu
dispor. O Deus da nossa salvação e da nossa restauração, agora, nos alista em
seu trabalho. Mãos à obra, sem esmorecer. Lança a semente, com a certeza de que
o crescimento, Deus mesmo nos dará.
Rev. Hernandes Dias Lopes
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