quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Epidemia do pai ausente

A tragédia ocorrida no Morro do Mauá, região metropolitana de São Paulo na terça-feira, (4) quando mãe e filho foram soterrados após um deslizamento de terra devido às fortes chuvas que caíram nos últimos dias na grande São Paulo, trouxe a tona um problema social que vem se tornando epidemia para as famílias brasileiras.

Diariamente os meios de comunicação anunciam uma nova tragédia. Lamentável, tragédias fazem parte do cotidiano da sociedade moderna. Os motivos são os diversos. Porém, nesse episodio chama atenção a ausência do esposo e pai no momento que a mulher e filhos mais precisavam de um pai presente. De acordo com a reportagem do Jornal da Record, quatro pessoas estavam no local na hora do desabamento. O garoto e a mãe estavam no quarto e foram soterrados, os outros dois que também estavam no interior da residência foram socorridos por populares e encaminhados para um hospital próximo. E o pai, aonde estava naquela momento? Segundo a reportagem, “o pai estava na casa de amigos”. Será? A verdade é que esse pai estava contaminado pela a doença que se caracteriza pela incidência, em curto período de tempo, de grande número pais ausentes da família.

No Brasil, a epidemia se alastrou de norte a sul e de leste a oeste. Famílias interiras reclamam a ausência dos pais: O afeto, o carinho, o dialogo na família a muito tempo não existe. A ocupação diária, o tempo do esporte com os amigos, a academia, a televisão, o computador e principalmente o “encontro no boteco” onde os amigos fazem uma parada para “beber uma cervejinha" e "bater papo”. Enquanto isso, em casa, a família está mercê da tragédia, do ladrão, do concorrente... E assim por diante.

A maioria dos pais estão deixando de viver seus melhores momentos na companhia da esposa e dos filhos, para estar com os amigos na mesa de um bar.Uma tragédia consumada em decorrencia da omissão e ausencia da ausencia dos pais indica que os pais perderam o senso de compromisso e responsabilidade com o lar. Para eles não interessa como está à esposa e os filhos no interior da casa. O que importa é a sua satisfação pessoal. A irresponsabilidade é tamanha que muitos saem de casa e quando retornam é conduzido por outros da mesma "laia", porque os mesmos não estão em condições de chegar a casa com suas próprias pernas.

São inúmeros os casos de separação, traição, abandono, em conseqüência da epidemia do pai ausente. O cara não dá assistência devida à esposa, chega a casa embriagado e geralmente a mulher não aceita deitar ao lado de um bêbado e fedorento; prefere a companhia dos amigos do que a companhia amorosa da família; de repente ele ignora quando é traído? (Não estou aqui concordando o adultério, apenas mostrando a realidade). Noormalmente esse tipo dehomem gasta o dinheiro “naquilo que não é pão” e a família começa a sofrer as conseqüências. Daí surge o desrespeito por parte dos filhos; os filhos passam a ignorar àqueles que deveriam sentir o afago e tornam-se pessoas revoltadas. Surgem os problemas de relacionamento no lar.

Quantas mães fazem o mesmo que os pais... Abandonam os filhos, às vezes sozinhos em casa e vão “se cuidar” ou cuidar de suas particularidades. E quando ocorre a tragédia, resta apenas o lamento. Quanta tragédia... Muitos pais matam os sonhos dos filhos; e isso para os filhos é tragédia. Quanta revolta, quanto ódio, muitos filhos estão vivos, caminham, sorriem as vezes, mas um dia uma enxurrada de problemas desabou sobre suas cabeças, soterrou seus sonhos e desejos por causa do mau comportamento dos pais.

Presenciei um fato chocante na cidade de Itaituba, PA, quando militava na imprensa naquele Estado. Uma noite, por volta de 20h00min ouvi gritos de socorro próximo à minha residência, como profissional de imprensa, sai de casa com a câmera em punho. Ao aproximar do local de onde surgiam os gritos de socorro, vi uma casa em chamas. Em apenas 10 minutos o fogo, a casa foi totalmente destruída. Homens do corpo de bombeiros encontraram em meio as cinzas, o corpo de três crianças carbonizados. Aquela tragédia me projetou na mídia nacional, dada a repercussão da reportagem. Como profissional, foi ótimo, mas como pai, fiquei chocado, arrasado... Descobri que o pai daquelas crianças havia abandonado a família e estava na casa de amigos; a mãe que passava por problemas financeiros não dispunha de recursos para pagar a energia da residência. Naquela noite ela saiu de casa para aventurar "uns trocados" e deixou as três crianças sozinhas; o quarto onde as crianças dormim era iluminado por uma vela. A pequena chama de fogo daquela vela alcançou um lençol e as chamas de fogo se alastraram pela casa toda, consumindo até as crianças.

No dia seguinte, pai e mãe aparecem na 19ª Seccional de polícia para tentar explicar o ocorrido. Como? Emocionalmente incontroláveis culpando um ao outro pela tragédia e lamentando a perda dos filhos daquela forma. Que terrível! De quem é a culpa? Do fogo? Da vela? Dos pais que estavam aunsentes.

Pai e mãe! Reflita sobre isso e nesse novo ano assumam o compromisso e responsabilidade com a família antes que a tragédia seja maior, ou que outra pessoa os adotem; ou até mesmo a rua os adote.

Deus abençoe.

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