segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Mortalidade é maior entre usuários de alcool e droga.

Mortalidade entre usuários de bebida alcoólica no Brasil é quase tão grande quanto à do crack

O índice de mortalidade entre usuários de bebida alcoólica no Brasil está próximo do registrado entre usuários de crack. Pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela que, em cinco anos, 17% dos pacientes atendidos em uma unidade de tratamento da zona sul de São Paulo morreram.
“É um número altíssimo”, afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da pesquisa. “Na Inglaterra, o índice não ultrapassa 0,5% ao ano”. 
O trabalho, que será publicado na próxima edição da Revista Brasileira de Psiquiatria, segue uma linha de pesquisa de Ronaldo Laranjeira sobre morte entre dependentes de drogas. O estudo feito entre usuários de crack demonstrou que 30% morreram num período de 12 anos. “Naquela mostra, a maior parte dos pacientes morreu nos primeiros cinco anos. Podemos dizer que os índices estão bastante próximos”. 
Os pesquisadores procuraram, depois de cinco anos, 232 pessoas que haviam sido atendidas num centro de recuperação do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo. Desse grupo, 41 haviam morrido - 34% por causas violentas, como acidentes de carro ou homicídios. Outros 66% foram vítimas de doenças relacionadas ao alcoolismo. 
Violência. Os altos índices de mortalidade são explicados por Ronaldo Laranjeira. Entre os usuários de bebida alcoólica, principalmente nos casos mais graves, pacientes perdem o vínculo com a família, com o trabalho e adotam atitudes que os expõem a riscos. Brigas, confusões, acidentes... 
A ligação com a violência também está clara. O trabalho mostra que entre sujeitos que consumiram álcool, o risco de estar envolvido com crime era 4,1 vezes maior que entre os não viciados.
Influencia Religiosa: Além da alta mortalidade, a pesquisa conclui que atividades religiosas exercem um efeito protetor sobre os usuários. Entre os que pertenciam a algum grupo religioso, incluindo os de auto-ajuda, os índices de participação em crimes eram bem menores que entre os demais. Dos entrevistados que faziam parte de algum grupo religioso, 30,6% não tiveram participação em crime. Entre os que não estavam ligados a nenhum grupo religioso, 18% conseguiram se manter afastados de crimes.
 Um resultado que, na avaliação do pesquisador, é muito importante de ser considerado. “Numa doença que apresenta um índice de mortalidade de 17%, qualquer fator protetor deve ser estimulado, sem preconceito”. Justamente por isso ele não hesitaria em recomendar para os pacientes procurarem grupos de apoio, incluindo os de natureza religiosa.
Fonte: O ESTADÃO.

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