Na sua obra “Faminto por Mais de Jesus” (CPAD),
David Wilkerson afirmou: “As igrejas estão sendo invadidas pelo adultério,
divórcio, rock ‘evangélico’, psicologia antibíblica e ensinamentos da
Nova Era. Muitos jovens crentes estão se voltando para as drogas e o sexo
ilícito, tentando preencher o vazio de suas almas. Isso acontece
porque muito do que se diz em nossos púlpitos, quando muito, serve apenas
para nos agradar. Os sermões não são substanciais e nem difíceis de se engolir.
Na verdade, são ‘divertidos’. As histórias são bem contadas, as aplicações
fáceis e práticas, e nada do que é dito chega a afetar os ouvintes”.Em 1992,
quando a aludida obra foi publicada, nos Estados Unidos, mensagens
antropocêntricas, que priorizam o ser humano (como se ele fosse a medida de
todas as coisas), massageando seu ego, faziam muito sucesso entre os
norte-americanos. Por isso, Wilkerson resolveu escrever sobre o assunto,
condenando com veemência a pregação triunfalista, que, em muitas igrejas,
tomara o lugar da pregação que visa ao arrependimento e à vida santa.
No Brasil, à época, a igreja era diferente da
estadunidense. Na Assembleia de Deus, da qual sou membro desde 1985, o assunto
era “A Década da Colheita”, um ousado projeto de
evangelização. Lembro-me, com saudades, de como eram as pregações, em 1992.
Não havia espaço para olhe-para-o-seu-irmão-e-diga-isto-e-aquilo. Praticamente,
não existiam animadores de auditório! Os principais pregadores dos eventos
assembleianos de grande porte expunham as Escrituras com graça e sabedoria,
tendo como objetivo agradar ao Senhor Jesus.
O que o saudoso irmão Dave escreveu em Hungry for
More of Jesus (Famintos por Mais de Jesus), aos cristãos norte-americanos,
parece ter sido escrito para a igreja brasileira +20 (vinte anos após
1992): “Ninguém terá problemas ao trazer um cônjuge não-cristão ou um
amigo à igreja aos domingos, porque não se sentirão embaraçados. Não entrarão
em confronto com o pecado. Nenhuma brasa viva do altar de Deus queimará suas
consciências, nenhuma flecha ardente de condenação, vinda do púlpito, os colocará
de joelhos. Nenhum dedo profético apontará para seus corações e sentenciará:
‘Você é o homem!’ E se o martelo de Deus vier de encontro ao pecado, a pancada
será rapidamente suavizada”.
Wilkerson prossegue em seu “duro discurso”: “É
espantoso, porém, verdade. O lugar mais conveniente para trazer alívio à
consciência que procura se esconder dos olhos inflamados de um Deus santo é o
interior de uma igreja morta. Seus pregadores mais parecem carregadores de
caixão que apóstolos de vida. Em vez de guiar crentes famintos à vida abundante
oferecida por Jesus, fazem promessas agradáveis, tentando apenas acalmar a
fome: ‘Tudo está bem. Você fez o que precisava fazer’”.
Veja o que o irmão Dave disse a respeito da reação
daqueles que abraçaram o falacioso evangelho antropocêntrico, quando
confrontados à luz da Palavra de Deus: “Alguns pregadores protestam, alegando
que suas igrejas, longe de serem mortas, estão repletas de orações fervorosas e
adoração a Deus. Contudo, nem todas as igrejas opulentas e avivadas são
necessariamente cheias de vida. A adoração vinda de lábios impuros, na verdade,
é abominação a Deus. O louvor que sai de corações cheios de adultério, cobiça
ou orgulho, não chega a Deus como aroma suave. Bandeiras cristãs erguidas por
mãos pecadoras não passam de ostentações arrogantes e revoltosas”.
Realmente, é isso que temos visto na igreja brasileira
+20. O falso evangelho que muitos líderes e pregadores abraçaram, nos Estados
Unidos e no Brasil, os leva a pensar que sempre estão certos pelo fato de
declararem que são abençoados e prósperos. Eles se consideram triunfantes, não
porque obedecem à Palavra de Deus, e sim porque “decretam” a própria
vitória. O seu triunfalismo os impede de triunfar verdadeiramente. E a sua soberba
os distancia do Deus excelso (Sl 138.6).
Tomando como base as palavras de David Wilkerson, em
1992, o que podemos esperar da igreja brasileira +25, +30 e +40? Como será a
sua pregação daqui a mais cinco, dez ou vinte anos? Que tipo de culto minha
filha (foto) frequentará? A iniquidade se multiplica, e o amor de muitos
esfria, como previu o nosso Senhor (Mt 24.12). E isso nos deixa pessimistas
quanto ao futuro. Mas não nos esqueçamos de que a Igreja de Cristo, formada
pelos crentes fiéis, que andam como Jesus andou (1 Jo 2.6), continua a sua
marcha triunfal, nEle (2 Co 2.14). “Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).
por: Ciro Sanches Zibordi
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