O evangelho é o
poder de Deus, não o poder da mídia. Pense nisso!"
A mídia está imersa na cultura do narcisismo. Uma vez por
ano, os lares de muitos brasileiros são invadidos pelo pior tipo de lixo que um
meio de comunicação pode produzir. Estou falando do Big Brother Brasil, (a
melhor tradução seria Irmão mais velho). Poucos sabem que a origem do programa
esta baseado em uma personagem do romance de George Orwell, 1984.
Escrito em 1948, o romance se passa em uma
sociedade totalitária, na qual todos são permanentemente vigiados por câmeras
de televisão, sendo presos e torturados quando infringem alguma regra ou lei e
submetidos a violentos processos físicos e psíquicos de condicionamento para
não voltar a transgredir. Reina a solidão, a impossibilidade da comunicação e o
medo de comunicar-se. Como forma de compensação, todos os dias e varias vezes
por dia, as pessoas conversam com uma tela de televisão na qual há um rosto
bondoso, o Big Brother, ou Irmão mais velho, que os vigia e lhes fala sem na
verdade, dizer-lhes coisa alguma, senão lhes dar ordens. Esse extraordinário e
terrível romance sobre o controle dos corpos, corações e mentes dos indivíduos
por sistemas cruéis de vigilância em sociedade totalitárias foi banalizado,
virando um programa de televisão “engraçado e divertido”. Um entretenimento
narcisista. A questão é que para alguém ser aceito como confiável basta
aparecer como plausível ou apenas realizar algumas demonstrações de
confiabilidade, tudo se torna uma grande produção.
Você pode estar se perguntando: “O que isso tem a ver com
líderes evangélicos?” ou, “O que isso tem a ver com o cenário evangélico
brasileiro?” Digo a você que tem muita relação.
Nas últimas décadas, os meios de comunicação foram
invadidos por líderes evangélicos. A mídia se tornou o melhor meio de
divulgação para “empresas-igrejas”, basta uma boa convocação que facilmente
milhares se reúnem em uma “concentração de fé” que gira em torno de uma
personalidade (celebridade), sem falar ainda que por mais caro que seja o
horário, vale a pena cada centavo, porque transformaram o tempo na TV em uma máquina
de fazer dinheiro. Walter McAlister em seu livro o “Fim de uma era” escreveu:
“A TV cria uma chantagem sobre a sociedade que diz que, se você não esta na
televisão, você não é importante. Assim, chegando finalmente ao meio
evangélico, vemos que a televisão faz qualquer pessoa, qualquer pastor,
qualquer cantor ou político, uma celebridade. E ele usa a força de sua
celebridade para atrair pessoas”.
Combinação perfeita, religião e mídia, o resultado, sem
sombra de dúvida, será muita gente, porém, o fato de ter gente não significa
aprovação divina. O poder da mídia tem sido utilizado muito mais para
destruição do que para transformação da sociedade. Vejo as pessoas sendo
vacinadas contra a pureza do evangelho através de uma mensagem que tem apenas
uma pequena porção, ou nada do evangelho. Assim como o romance de George
Orwell, muitos pastores tem se tornado o Big Brother do mundo evangélico.
Apresentam-se diariamente e por varias vezes, com um rosto bondoso falando de
si mesmos, narcisistas, diante de pessoas aflitas, angustiadas a beira do
desespero. O discurso é sempre cheio de ordens, de pedidos sacrificais que vão
desde fortes apelos financeiros até a imperdível reunião que esta para começar.
O pastor Big Brother se torna o “Xamã”, em uma sociedade carregada de gente
sofrida, frustrada e oprimida. Assim, como o Big Brother do romance não dizem
nada, apenas dão ordens. A confiabilidade esta baseada em uma produção
midiática. É uma grande fantasia, uma fé produzida para a “telinha”, onde a
base da proclamação não é o evangelho.
Da mesma forma que o poder da mídia traz a destruição da
esfera pública da opinião, o que tem levado muitas igrejas a crescerem e muitos
líderes a serem reconhecidos não é o poder do evangelho, mas, o poder da mídia,
que tem nivelado de forma pagã a fé de muitos que frequentam os templos que se
dizem evangélicos. O evangelho é o poder de Deus, não o poder da mídia. Pense
nisso!
Sebastião Junior – sepal.org.br
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