quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pastor Big Brother

O evangelho é o poder de Deus, não o poder da mídia. Pense nisso!"

A mídia está imersa na cultura do narcisismo. Uma vez por ano, os lares de muitos brasileiros são invadidos pelo pior tipo de lixo que um meio de comunicação pode produzir. Estou falando do Big Brother Brasil, (a melhor tradução seria Irmão mais velho). Poucos sabem que a origem do programa esta baseado em uma personagem do romance de George Orwell, 1984.
 Escrito em 1948, o romance se passa em uma sociedade totalitária, na qual todos são permanentemente vigiados por câmeras de televisão, sendo presos e torturados quando infringem alguma regra ou lei e submetidos a violentos processos físicos e psíquicos de condicionamento para não voltar a transgredir. Reina a solidão, a impossibilidade da comunicação e o medo de comunicar-se. Como forma de compensação, todos os dias e varias vezes por dia, as pessoas conversam com uma tela de televisão na qual há um rosto bondoso, o Big Brother, ou Irmão mais velho, que os vigia e lhes fala sem na verdade, dizer-lhes coisa alguma, senão lhes dar ordens. Esse extraordinário e terrível romance sobre o controle dos corpos, corações e mentes dos indivíduos por sistemas cruéis de vigilância em sociedade totalitárias foi banalizado, virando um programa de televisão “engraçado e divertido”. Um entretenimento narcisista. A questão é que para alguém ser aceito como confiável basta aparecer como plausível ou apenas realizar algumas demonstrações de confiabilidade, tudo se torna uma grande produção.
Você pode estar se perguntando: “O que isso tem a ver com líderes evangélicos?” ou, “O que isso tem a ver com o cenário evangélico brasileiro?” Digo a você que tem muita relação.

Nas últimas décadas, os meios de comunicação foram invadidos por líderes evangélicos. A mídia se tornou o melhor meio de divulgação para “empresas-igrejas”, basta uma boa convocação que facilmente milhares se reúnem em uma “concentração de fé” que gira em torno de uma personalidade (celebridade), sem falar ainda que por mais caro que seja o horário, vale a pena cada centavo, porque transformaram o tempo na TV em uma máquina de fazer dinheiro. Walter McAlister em seu livro o “Fim de uma era” escreveu: “A TV cria uma chantagem sobre a sociedade que diz que, se você não esta na televisão, você não é importante. Assim, chegando finalmente ao meio evangélico, vemos que a televisão faz qualquer pessoa, qualquer pastor, qualquer cantor ou político, uma celebridade. E ele usa a força de sua celebridade para atrair pessoas”.
Combinação perfeita, religião e mídia, o resultado, sem sombra de dúvida, será muita gente, porém, o fato de ter gente não significa aprovação divina. O poder da mídia tem sido utilizado muito mais para destruição do que para transformação da sociedade. Vejo as pessoas sendo vacinadas contra a pureza do evangelho através de uma mensagem que tem apenas uma pequena porção, ou nada do evangelho. Assim como o romance de George Orwell, muitos pastores tem se tornado o Big Brother do mundo evangélico. Apresentam-se diariamente e por varias vezes, com um rosto bondoso falando de si mesmos, narcisistas, diante de pessoas aflitas, angustiadas a beira do desespero. O discurso é sempre cheio de ordens, de pedidos sacrificais que vão desde fortes apelos financeiros até a imperdível reunião que esta para começar. O pastor Big Brother se torna o “Xamã”, em uma sociedade carregada de gente sofrida, frustrada e oprimida. Assim, como o Big Brother do romance não dizem nada, apenas dão ordens. A confiabilidade esta baseada em uma produção midiática. É uma grande fantasia, uma fé produzida para a “telinha”, onde a base da proclamação não é o evangelho.
Da mesma forma que o poder da mídia traz a destruição da esfera pública da opinião, o que tem levado muitas igrejas a crescerem e muitos líderes a serem reconhecidos não é o poder do evangelho, mas, o poder da mídia, que tem nivelado de forma pagã a fé de muitos que frequentam os templos que se dizem evangélicos. O evangelho é o poder de Deus, não o poder da mídia. Pense nisso!
Sebastião Junior – sepal.org.br

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