domingo, 3 de outubro de 2010

Aquecimento global converte o maior cético

Os jornais divulgaram com grande pompa a conversão do mais famoso cético do aquecimento global, o dinamarquês Bjorn Lomborg. Ele já afirmou que vai entrar na luta contra a mudança do clima. A atitude de Lomborg surpreendeu a comunidade científica, em 2001, ele lançou o livro "O Ambientalista Cético", em que compilou uma série de estatísticas que mostrariam que o aquecimento da Terra estaria superestimado e seus efeitos não seriam tão catastróficos. Ele ainda afirmava que os cientistas exageravam para obter mais verbas.

O estatístico juntou-se a um grupo de economistas que analisou alguns métodos para se reduzir o aquecimento da Terra. Eles calcularam o custo para livrar o planeta do apocalipse humano, US$ 100 bilhões por ano. Ao mesmo tempo, um grupo de 12 cientistas independentes reviu os procedimentos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), concluindo que o IPCC precisa aperfeiçoar seus procedimentos. Porém, de um modo geral, reconheceu o valor dos quatro relatórios do IPCC.
Conforme concorda, agora, Lomborg, cada país precisa investir pesado em geração alternativa de energia, usando como fontes a energia solar, eólica e de marés. Sem dúvida, a energia eólica é a mais viável economicamente. Nos leilões de energia, o preço vem caindo bastante. Em 2003, o custo do MWh era de R$ 200, já em 2009, R$ 145, e, neste ano, fechou em R$ 130. Ainda tem como vantagem, ser renovável e, para alguns sítios, não ter gastos no transporte de energia. Porém, a maioria dos projetos de eólicas estão nas mãos de grupos internacionais, favorecidos pela queda do dólar. É extremamente importante que o governo fomente a produção nacional, não somente para abastecer nosso mercado, mas também para exportar depois.

E não podemos esquecer a biomassa. A capacidade de geração de eletricidade pelas usinas de álcool usando o bagaço de cana. Cada usina tem o potencial de gerar de 30 a 60 MW. Só o Estado de SP tem 400 usinas ou 12.000 MW no mínimo, isso equivale a nove usinas nucleares do tipo Angra 2 ou quase uma Itaipu. E mais, A geração de energia pode ser feita no período da seca, poupando as hidrelétricas. Os resíduos orgânicos de lixo e esgoto são um problema enorme, mas podem ser outra fonte de biomassa econômica. Outro mistério é o esquecimento do óleo de cozinha usado, para biodiesel.

E por que o governo não incentiva a economia de energia? Lâmpadas fluorescentes, por exemplo. E o consumo de água. A simples troca de válvulas por caixas de descarga já é significativo. Por que não financia o uso de água das chuvas? E não entendo, com a impermeabilização do solo, secagem do subsolo, com todas as ruas e calçadas, por que não construir (enterrar) caixas de armazenagem e infiltração? Enfim, precisamos acordar a classe política, porque temos muito a fazer e só vemos pouco trabalho.
Mario Eugenio Saturno, de Bariloche - Argentina, é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário.

Um comentário:

  1. Você está próxima da verdade; basta ampla ir o seu ciclo de análise. Na realidade a sociedade - as pesquisas mostram isso, fato que o NEPA referenda com pesquisas próprias - q diz conhecer termos ligados à discussão das Mudanças Climáticas, mas a grande maioria não sabe dizer o que eles representam. Evidencia franca preocupação com o assunto, mesmo não sabendo exatamente o que ele é. Ou seja, a sociedade está envolvida por "causas, efeitos, prós e contras", mas ainda não está preparada para assumir seu papel nessa importante discussão. A quem interessa este estado de coisas? Será que alguém acredita que pode excluir a sociedade dessa discussão? O tempo dirá.

    Roosevelt
    Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA

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