domingo, 1 de julho de 2012

Igreja terceirizada?


Não precisamos pensar. Elaborar planos. Decidir qual o melhor caminho ou projeto. É possível contratar alguém para elaborar um plano de vida saudável. E depois é só seguir as instruções. É a época da terceirização. Tudo preparado, enlatado e executado por outros. Você só precisa colher os frutos. Quer emagrecer? É fácil! Basta contratar um nutricionista. Ele avalia o seu peso. Altura. A estatura e elabora uma lista de alimentos a serem consumidos. Tudo balanceado, com hora certa e peso certo. Caso venha a morrer de câncer, não há o que reclamar. Você não seguiu as recomendações com exatidão. Ou em linguagem neo-pentecostal: Não exerceu a fé.
Mas se o seu problema é um corpo esbelto. Estrutural. Galã de cinema ou de novela. Não há dificuldades. Compre alguns aparelhos de ginástica. Coloque-os em algum canto da casa e contrate um “personal trainer” Com hora marcada ele lhe ministrará os exercícios necessários. Pode até receber algumas massagens, com unguentos aromáticos e em breve seu corpo causará admiração. Caso consiga unir a receita balanceada do nutricionista com os exercícios do “personal trainer” os resultados serão fantásticos. Claro tudo tem um preço. Às vezes bem salgado. Mas compensa fazer sacrifício e participar do clube dos admirados e invejados.
Ah! Aquela festa de casamento no final do ano! O que vestir? Não se preocupe. Contrate um “personal stylist”. Após um exame da sua face. Tamanho do nariz. Cor dos olhos. Cabelos e outros detalhes do seu corpo, ele lhe vestirá com o melhor traje. Você vai “arrasar” na festa. Todos vão desejar saber quem é o seu costureiro. Em que salão de beleza você fez o penteado. Para manter a curiosidade e admiração recomenda-se não revelar o segredo.
O mercado não para. Agora é possível contar com um novo profissional. A vida está confusa? Não sabe que decisão tomar? Não há problemas. Já existe o “life coach” ou “personal coach”. Você conta-lhe seus sonhos. Aonde quer chegar. Ele elabora um programa a ser seguido e você chega lá. Nada a ver com o livro “Eu chego lá” de Zig Ziglar. Não acredita? Há uma pré-candidata à presidência da República que aproveitou as férias para plástica facial. Mudar o visual, a aparência é essencial para fazer política. O “personal coach” cuida da aparência. Do novo sorriso e dos seus planos de vida visando pleno sucesso. Não há porque se preocupar. Basta contratá-lo. Até diploma de conclusão de curso universitário é possível conseguir. Há pouco foi preso um técnico que se fez “doutor”, com diploma registrado e reconhecido pelo MEC. Não há por que estudar. Alguém lhe dá as credenciais necessárias para ser vitorioso.
Não me julgue! Não me condene! Mas se você analisar os Congressos e encontros de diferentes conotações realizados nos últimos dez anos, descobrirá, caso queira, que os preletores são os mesmos. Alguns são cardápios necessários em toda programação. Entendem de tudo. São “experts” em todos os assuntos. Falam mal de todas as Denominações. Dá ibope. Contam as mesmas piadas. Isto alegra os ouvintes. Repetem as mesmas ilustrações. Estão tentando quebrar paradigmas. Mas não conseguiram construir uma idéia válida. Uma nova filosofia evangélica, com resultados positivos para o Reino de Deus.
 “Ensinam” como pastorear, sem nunca ter convivido com ovelhas, bodes e rebanhos. Descobriram que “ensinar” a fazer dá menos trabalho do que fazer. Claro que o lucro financeiro é maior. Adentrar uma UTI ou passar a madrugada ante um bloco cirúrgico, chorando com a ovelha desesperada, não dá retorno financeiro. Uma mensagem oficial numa Convenção ou num Congresso, numa estância hidromineral, requer menos neurônios e menos compromisso.
Claro que eles existem. Razão simples: gostamos de ouvir o “personal coach” a dizer-nos como fazer. Caso não funcione o fracasso é debitado a sua falta de inteligência.
Mas e as Igrejas terceirizadas? É a moda do momento. Programas importados da Colômbia. Da Coréia. Dos Estados Unidos. Da Argentina. Alguém ouviu que em determinado lugar uma Igreja adotou um programa. De vinte membros, em dois anos, passou a vinte e cinco mil membros. Claro, se deu certo na Coréia ou nos Estados Unidos, tem que dar certo no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina. Ledo engano. Mesmo com injeção de dólares para a propaganda e realizações de Congressos, cada local tem suas características próprias. Não basta importar e terceirizar. É preciso trabalhar. Há muito barulho com importações de programas. Enlatados nem sempre são digestíveis. Pior se você não adota o enlatado passa a ser olhado com desdém, tradicional e retrógrado. Nada contra homens de Deus e Igrejas, em diferentes partes do mundo, que realizam excelentes ministérios para glória do Senhor. Evangelho não se terceiriza. É vida. E vida cristã tem que ser original. Autêntica. Não há como terceirizar a experiência pessoal com Cristo. Não posso contratar alguém para viver minha experiência com Cristo. Não há como transferir a um terceiro a minha responsabilidade de evangelizar e fazer Missões. Meu crescimento espiritual não pode ser atrelado a Congressos, retiros e encontros com “personal coach”. Ninguém pode ler a Bíblia em meu lugar. Não posso ficar estatelado na frente da TV e crer que é possível pertencer a uma Igreja virtual.
Somos chamados a pagar o preço do relacionamento com irmãos indesejáveis. A participar de uma Igreja local com todas as suas picuinhas. A evangelizar como pessoa as pessoas que cruzam o nosso caminho. Sejam elas agradáveis ou não. Jesus não instituiu uma Igreja virtual e terceirizada. Mas desafiou os seus seguidores a viver como irmãos em comunidade que nos afetam a cada momento.
É fácil contratar um “personal coach” espiritual. Dá menos trabalho. Mas este não é o propósito do Evangelho. É fácil depositar numa conta bancária o dízimo que pertence a Igreja local, para sustentar um ministério virtual. Difícil é entregá-lo à Igreja local e participar com amor de sua administração.
Igrejas virtuais e terceirizadas não fazem visitas à UTI. Desconhecem a porta misteriosa dos blocos cirúrgicos. Não sabem o que significa necrotério ou capela mortuária. Não tem sentimento. Não sabem o que é relacionar-se como irmãos em Cristo.
Não terceirize sua vida cristã. Não importe enlatados. Não copie programas. Seja autêntico. Seja você mesmo e viva a beleza simples da comunidade cristã local.
por: Pr. Julio Oliveira Sanches - portal padom

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