“É que
hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc
2.11).
Muitas vezes do sofrimento brota a alegria, como por
ocasião do nascimento de um bebê. O milagre do Natal também foi assim. Havia
chegado o ano da salvação quando o milagre divino do nascimento de Jesus
adentrou nosso tempo vindo das esferas supra-temporais. Deus se compadeceu de
nosso sofrimento e da miséria do pecado das pessoas que criara, e lhes enviou o
Salvador. Aconteceu aquilo que Deus havia planejado, exatamente de acordo com
Seu plano perfeito. Gálatas 4.4 diz: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus
enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. Deus já havia mandado
Isaías profetizar esse grande evento, fazendo-o falar como se o Natal já
tivesse acontecido: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor
me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os
quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em
liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da
vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram” (Is 61.1-2). Esse
acontecimento supremo da história da humanidade e do Plano de Salvação, o
nascimento do Salvador Jesus, teve conseqüências tão transformadoras que, desde
então, começou uma nova contagem de tempo para o mundo. Quem pode derrubar essa
realidade? Todos têm de aceitar que a vinda de Jesus foi revolucionária. Outra
data igualmente importante para a humanidade será o dia de Sua volta a este
mundo.
Filho de Deus e
Filho do Homem
Jesus não força a entrada do nosso coração, mas espera
ser convidado para entrar: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a
minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo” (Ap 3.20).
O Filho de Deus, em sua pré-existência Deus e Criador do
mundo, entrou na estreita estrada de mão-única de nossa vida e deseja renovar e
transformá-la radicalmente. Mas para isso precisamos abrir a porta de nosso
coração para que possa entrar, uma vez que Ele não vem como ladrão arrombando-a.
Ele não força a entrada, mas espera ser convidado para entrar: “Eis que estou à
porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa
e cearei com ele, e ele, comigo”, como está escrito em Apocalipse 3.20. O
apóstolo Paulo descreve a seu filho na fé, Timóteo, o mistério da vinda de
Jesus como Filho do Homem da seguinte maneira: “Evidentemente, grande é o
mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em
espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo,
recebido na glória” (1 Tm 3.16). Segundo o sábio desígnio de Deus, para nossa
salvação o Senhor Jesus deveria tornar-se homem e cumprir a mais difícil de
todas as tarefas. Jesus aceitou o plano de Deus, concordou com os desígnios
divinos e entregou Sua vida em sacrifício de resgate por nós. Somente Ele, que
não tinha pecado, podia assumir essa incumbência. Em 1 Pedro 2.24 está escrito:
“Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para
que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas,
fostes sarados.” Pessoa alguma consegue imaginar o que custou para nosso amado
Senhor Jesus Cristo assumir e suportar esses cruéis sofrimentos e a morte por
nós. Mas o eterno Filho de Deus se dispôs a deixar Sua glória celestial para
assumir a forma humana e morrer por nós pecadores como cordeiro de sacrifício!
Essa é a amarga realidade – mas também a realidade salvadora, que não deve nem
pode ser calada no Natal.
O que César
Augusto jamais sonhou
Para que o Natal viesse a se realizar, Deus tomou
providências no céu e na terra, providências que incluíam até o imperador
romano. O poderoso César Augusto pode ter se iludido com a idéia de que a
primeira contagem e o recenseamento da população de Canaã, juntamente com seus
súditos, tenha sido fruto de sua própria sabedoria. Mas na realidade isso não
foi nada mais que a execução do sábio plano divino. Entre os judeus Deus
encontrou José e Maria, um casal que era temente ao Senhor e que humildemente
permitiu ser guiado pela mão divina. Em Nazaré, José jamais teria tido a idéia
de viajar com sua esposa grávida até a distante cidade de Belém. O que ele iria
fazer ali, num lugar tão pequeno e afastado? No máximo, visitar seus parentes.
José, descendente do rei judeu Davi, vivia em Nazaré como
modesto carpinteiro (tecton em grego, alguém que trabalha em edificações), em
fraqueza humana mas com o caráter de um tsadiq, um justo. Deus se agradava
dele, e José permitiu que anjos divinos o conduzissem através das maiores complicações,
fazendo-o superar grandes obstáculos.
Maria, uma jovem judia íntegra e sincera foi eleita pela
soberana vontade do Senhor para ser a mãe de Jesus. Deus “contemplou na
humildade da sua serva” (Lc 1.48). O Senhor realizou através dela o maravilhoso
milagre da concepção virginal. Isso já havia sido predito 700 anos antes pelo
profeta Isaías: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem
conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14). O mundo se
escandaliza e não aceita esse grande acontecimento como sendo real. Mas se
derrubamos essa verdade, a Verdade toda cai por terra! Como poderia Deus, que
criou todo o universo e as leis da natureza, ser incapaz de suspendê-las para
cumprir Seus desígnios? Ele, a quem todos os elementos da natureza estão
sujeitos, não precisa nos perguntar se pode fazer alguma coisa ou não. Ao
realizar milagres e atos sobrenaturais, Deus está testando nossa fé e nossa
disposição de confiar nEle de todo o coração.
Ruela em Nazaré,
cidade onde viviam José e Maria.
Caso as Sagradas Escrituras contivessem uma única
inverdade, ela seria inverossímil como um todo e não poderia mais ser chamada
de Palavra de Deus. A própria Escritura explica que, no caso dessa gravidez, a
natureza não esteve em ação mas foi o Espírito Santo que agiu: “Respondeu-lhe o
anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá
com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado
Filho de Deus. Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas
promessas” (Lc 1.35,37). Já em Gênesis está escrito: “Acaso, para o Senhor há
coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14).
Se Maria soubesse
Jamais, de forma alguma, Maria foi aquilo que a igreja
católica, com seus dogmas, fez de sua pessoa. Maria foi estilizada e elevada à
posição de “deusa” a quem as pessoas dirigem suas orações. Ao fazer isso, estão
roubando a honra do único Deus verdadeiro e do Salvador Jesus Cristo! O papa
João Paulo II faz aumentar ainda mais essa devoção a Maria. Como sentimos
compaixão desse povo enganado! Maria ficaria extremamente chocada se soubesse o
que fizeram dela. Guardemo-nos dessa superstição mariana!
A própia Maria louva o Senhor com humildade de coração: “A
minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu
Salvador, porque contemplou na humildade da sua serva...” (Lc 1.46-47). Maria!
Como deixaríamos de honrar sua memória? Mas nada além disso! Deus a considerou
digna de ser a mãe do Messias mas depois de Jesus ela teve outros filhos, cujos
nomes são citados pela Bíblia (Mt 13.55-56).
Da manjedoura para
a cruz
Em pensamento acompanhemos o jovem casal, Maria e José,
em sua longa e penosa jornada até Belém. Pois lá – e em nenhum outro lugar do
mundo! – deveria nascer o Salvador da humanidade como uma criança judia. Deus o
predisse ao profeta Miquéias 700 anos antes: “E tu, Belém-Efrata, pequena
demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de
reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade” (Mq 5.2).
Belém-Efrata, um pequeno lugarejo situado entre vinhedos
e olivais, é a cidade judaica onde nasceu o rei Davi. Exatamente ali nasceu
também o Messias, o futuro Rei dos reis. Belém significa casa do pão e Efrata
quer dizer frutífero. Belém, pequena cidade! Como esse lugar é precioso para
nós! Como nos faz feliz a época do Natal! Mas para o Messias, para o Rei e
Senhor, não se achou um abrigo ou um lugar de acordo com sua importância.
Estrebaria e manjedoura não têm relação alguma com
romantismo e meiguice, pois testemunham amarga pobreza. Porém, Deus o quis
assim. O Senhor planejou que Seu Filho não tivesse um palácio à disposição. Sua
vida sobre a terra foi, desde o primeiro momento, caracterizada por pobreza e
privação. O caminho de Jesus nesta terra começou em uma manjedoura e terminou
na cruz do Calvário.
Como o único sacrifício determinado por Deus, Ele trouxe
expiação para nossos pecados através de Seu sangue. No madeiro maldito Ele
trouxe salvação para nós pecadores. Isaías o profetizou muito tempo antes: “Ele
foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao
matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a
boca” (Is 53.7).
Dessa forma Deus nos presenteou Seu Filho Jesus no Natal
– e o que fizemos de Seu aniversário? Uma festa de consumo e luxo! Será que
pensamos em Seu nascimento quando estamos sentados à mesa da ceia do Natal,
rodeados de familiares e amigos ou na hora em que abrimos nossos presentes?
Belém! Aqui, neste lugar, o céu se abriu e os anjos
trouxeram as boas-novas a um grupo de humildes e amedrontados pastores que
guardavam suas ovelhas durante a noite. A mesma mensagem que encheu seus corações
de alegria é anunciada a cada um de nós ainda hoje: “E um anjo do Senhor desceu
aonde eles estavam, e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram
tomados de grande temor. O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos
trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos
nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos
servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em
manjedoura. E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia
celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz
na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.9-14).
Será que pensamos no nascimento de Jesus quando estamos
sentados à mesa da ceia de Natal rodeados de familiares e amigos ou quando
abrimos nossos presentes?
Agora Ele havia chegado! A prometida luz, a brilhante
estrela da manhã, da qual os profetas falaram: “O povo que andava em trevas viu
grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a
luz” (Is 9.2). Em cumprimento de profecias do Antigo Testamento, Jesus falou a
Seu povo: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo
contrário, terá a luz da vida. Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo
aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 8.12; 12.46). Ele fala hoje
a você e a mim! Quem permitir que a luz da graça de Deus, que é Jesus, ilumine
sua vida, participará do Seu reino de paz e alegria.
O berço do
cristianismo ontem e hoje
Belém! Lugar de feliz memória, berço do cristianismo!
Como nosso coração se comove quando pensamos na vinda do Messias a esse lugar
tão singelo. Mas hoje? É um lugar de miséria e desconsolo, dominado pelo islã.
O poder do mal tenta apagar a luz do Evangelho. Tudo o que lembra a história
judaica está sendo destruído e aniquilado com brutal violência em Belém.
Onde nasceu o Filho de Deus, hoje se ouve gritar “Alá
akbar!” No Corão, na Sura 9.30, está escrito: “...os cristãos dizem: ‘O Messias
é o filho de Deus.’ Essas são suas asserções. Erram como erravam os descrentes
antes deles. Que Deus (Alá) os combata!”. Será que o Corão de fato triunfará
sobre a eterna Palavra de Deus? Por que Jesus permite que o lugar de Seu
nascimento seja profanado? Será que pessoas que se dizem cristãs fizeram de
Belém um santuário, venerando um lugar ao invés de honrar o próprio Senhor em
obediência de fé? Será que estamos dando mais honra ao que foi criado do que ao
próprio Criador?
Deus não deixa que
Lhe roubem Sua glória
Jesus odiava e censurava toda a hipocrisia e as
cerimônias meramente exteriores. Hoje não é diferente. Ele procura por corações
sinceros, que produzam gestos de amor movidos pelo Espírito. Colossenses 1.10
nos conclama: “a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro
agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de
Deus”. Todos os gestos apenas exteriores são uma abominação para Deus: “Ai de
vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros
caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de
ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis
justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de
iniqüidade. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque edificais os
sepulcros dos profetas, adornais os túmulos dos justos” (Mt 23.27-29).
De que adianta ajoelhar-se no local onde Jesus nasceu? O
que trazem as peregrinações para a Terra Santa se a imundícia dentro do coração
não é reconhecida e muito menos tirada? De que servem as pomposas festas de
Natal se a impureza e a desobediência continuam a crescer desordenadamente em
nosso coração? Se desejamos que Deus se agrade de nossa vida, precisamos andar
humildemente pelo caminho estreito, seguindo os passos de Jesus em nosso viver
e em nosso querer. Jesus entra onde encontra corações receptivos. Pessoas de
coração aberto para Deus têm a promessa de O verem face a face.
Jesus não quer apenas ser convidado de honra em uma
festa; Ele deseja ser o Senhor de nossa vida e reinar em nossos corações! Por
isso, preparar a obrigatória festa em dezembro não resolve nosso problema
interior mais profundo. Só a entrada de Jesus em nosso próprio coração nos traz
aquilo que tanto ansiamos e esperamos.
O “menino Jesus”
vai voltar!
O Natal deste ano poderá ser um Natal muito feliz, apesar
das dificuldades e problemas, para todos os que experimentaram o perdão dos
pecados através do sangue de Cristo.
Em todos os Natais, quando celebramos o nascimento de
Jesus, não fiquemos apenas pensando no pequeno e indefeso bebê na manjedoura.
Jesus é o Senhor, o Rei de todos os reis, que em breve voltará triunfante. É
para esse acontecimento grandioso que devemos direcionar nossa atenção.
Onde ainda impera a escuridão do pecado, a luz da Sua
graça pode iluminar cada recanto. Ele mesmo diz em João 8.12: “Eu sou a luz do
mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da
vida”. Hoje, mais do que nunca, Jesus envia pessoas que levam mundo afora a
clara luz do Evangelho, mensageiras da paz àqueles que vivem angustiados por
seus pecados ainda não perdoados. O poder das trevas se levanta e tenta impedir
que a luz avance e que o plano de paz divino se concretize em muitos corações.
Mas Jesus é o Vencedor! Coloquemo-nos do Seu lado! O que Isaías ouviu Deus
dizer a respeito de Seu Filho Jesus irá se cumprir integralmente: “Pouco é
seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os
remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a
minha salvação até à extremidade da terra” (Is 49.6). Logo, Zacarias 2.10 é
válido também para nós e podemos nos alegrar juntamente com Israel: “Canta e
exulta, ó filha de Sião, porque eis que venho e habitarei no meio de ti, diz o
Senhor”. Nossa alegria será plena quando virmos Israel se alegrando conosco
pela volta de Jesus.
O Natal deste ano poderá ser um Natal muito feliz, apesar
das dificuldades e problemas, para todos os que experimentaram o perdão dos
pecados através do sangue de Cristo. Em Jesus, desejo a você um Natal de
genuína alegria, com as bênçãos de Deus! (Burkhard Vetsch - http://www.chamada.com.br)
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