Quando estava no Seminário Boa Terra, em Curitiba, além do
curso de teologia ministerial, tivemos a oportunidade de fazer um curso de
teatro e claro, participar de várias peças teatrais. Uma dessas peças marcou a
vida de muitas pessoas que nos assistiram no dia das mães de 1977.
“Dê flores durante a vida porque no túmulo elas chegam tarde
demais”. A peça conta a história de uma viúva mãe de três filhos, um homem e
duas mulheres. O pai de família morrera enquanto os filhos ainda eram pequenos
e a mãe, com muito esforço criou-os, apesar de humilde, pobre, mas garantiu o
alimento e a realização profissional dos filhos. Para isso, enfrentou
madrugadas frias para trabalhar na roça, com o crescimento dos filhos,
abandonou a zona rural e seguiu para a cidade, a fim de garantir a formação
profissional dos filhos. Sem profissão definida, a pobre viúva trabalhou como
faxineira, cozinheira lavadeira. Seu corpo ficou marcado na luta pela
sobrevivência digna e a formação dos filhos. Apesar da sua simplicidade e
pureza de coração, aquela mãe ensinou princípios de conduta que seus filhos
jamais esqueceram; e esses princípios contribuíram para alcançar seus objetivos
e bons relacionamentos.
Os filhos cresceram, alcançaram excelentes profissões e
casaram-se. A filha mais velha seguiu o marido para uma cidade distante a 1.000
km, o filho, mudou-se com sua esposa para uma cidade vizinha; e a filha mais
nova, conseguiu emprego numa empresa multinacional e foi morar em outro país.
A mãe ficara sozinha num simples casebre adquirido com a
venda do lote na zona rural. A mulher guerreira, agora estava com idade
avançada e sem forças para trabalhar e conseguir alimento diário. Ela
sobrevivia de doações das “irmãs” da igreja que semanalmente a visitavam. Vez
por outra aquela pobre viúva era conduzida pelos vizinhos aos hospitais. Os
filhos depois de formados e casados raramente apareciam na casa da mãe. E
quando iam, passavam alguns minutos e se quer lhe davam um beijo de despedida.
Segundo uma vizinha, por várias vezes viu o filho na cidade, mas o mesmo não ia
ver a mãe.
Já muito debilitada e sem forças para caminhar, as irmãs da
igreja se revezavam para dá-lhe assistência. Por vários meses alguém comunicava
os filhos sobre a enfermidade da mãe e imploravam para que viessem visitá-la.
Um dia, a triste notícia: “A mãe de vocês faleceu venham pelo menos para o
enterro”.
Depois aguardar algumas horas chegaram os filhos e netos
para acompanhar o velório e enterro da mãe. Muitas lágrimas, muitas palavras de
arrependimento. Porém nada daquilo podia ser conforto para a pobre mãe
abandonada.
Na cerimônia fúnebre todos atentos acompanharam
silenciosamente as palavras do pastor. E depois de colocar o caixão na
sepultura e jogar a terra sobre o túmulo. O filho chorando amargamente
depositou um lindo buquê de rosas sobre o túmulo da mãe. Naquele momento uma
senhora conhecida da família alertou: “Dê flores durante a vida porque no
túmulo elas chegam tarde demais” e acrescentou: “Meus filhos, quantas vezes a
mãe de vocês perguntava onde vocês estavam; como estavam. Como ela gostaria de
passar uns dias com os filhos e os netos; como gostaria de ter notícias de
vocês... E todos os dias orava por vocês”.
Com você e eu será que é diferente? Quantos pais que
lutaram. Deram anos de suas vidas para criar os filhos, ensinar, encaminhar
para vida, uma profissão e hoje estão abandonados? Deles que a única
alternativa foi encaminhar para um asilo.
Cuide bem de seus pais enquanto eles vivem, considere o que
eles fizeram por você.
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