Comissão de Anistia decidiu por unanimidade, nesta
terça-feira, indenizar e oferecer um pedido formal de desculpas do Estado
brasileiro a Anivaldo Padilha, pai do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Anivaldo é evangélico e foi delatado por membros da igreja que frequentava. Ele
foi preso e torturado e, em seguida, exilou-se.
Segundo proposta da relatora Carolina de Campos Melo, a
indenização será o pagamento de R$ 2.484, referente ao salário de um redator de
jornal, cargo que Padilha ocupava quando foi preso em 1970. Além disso, ele
receberá o pagamento de quase R$ 230 mil retroativo a 2005, quando entrou com o
requerimento. Anivaldo Padilha é membro da igreja Metodista e era contratado
pela instituição na publicação de uma revista.
Enquanto esteve preso, durante alguns meses em 1970,
Padilha foi torturado. Entre o período em que foi solto e o início do exílio,
em 1971, ele viveu em um período de clandestinidade com sua esposa. Foi quando
ela ficou grávida de Alexandre Padilha, hoje ministro da Saúde.
“Foi uma dor o fato de ter sido privado de ter convivido
com meu filho, Alexandre Padilha, durante a infância, importante período”,
disse Anivaldo em discurso emocionado durante a sessão de julgamento. Ele
retornou ao Brasil apenas em 1979, quando Alexandre Padilha tinha oito anos.
“Minha saída do Brasil foi talvez muito mais dolorosa do
que as torturas que eu sofri. No período da clandestinidade, minha companheira
ficou grávida. Chegou um momento em que o cerco foi se fechando, havia uma
possibilidade em que eu não só seria preso, mas talvez morto”, relatou, em
outro momento.
Anivaldo Padilha entrega nomes de torturadores à Comissão
da Verdade
Anivaldo Padilha decidiu enviar os nomes de torturadores dos extintos Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e da Operação Bandeirantes (Oban) à Comissão da Verdade. Ele defende a reinterpretação da Lei de Anistia e deseja que seus algozes sejam submetidos a julgamento.
“Nós temos no Brasil uma tradição de impunidade (…). Se
os crimes cometidos pelo Estado Novo tivessem sido investigados e os
torturadores e assassinos, punidos, talvez o golpe de 64 não tivesse ocorrido”,
acredita Anivaldo.
Recém-instalada pela presidente Dilma Rousseff, a
Comissão da Verdade terá dois anos para investigar crimes contra direitos
humanos cometidos entre 1946 e 1988.
“Não é uma questão de punir pensando no passado, mas é
punir pensando no futuro, porque os torturadores continuam nas prisões e
delegacias de todo o País, pois sabem que podem ficar impunes”, argumentou.
Padilha não se lembra do nome de todos os torturadores.
Ele citou alguns pela forma como eram conhecidos: Capitão Albernaz (que teria
falecido), Capitão Coutinho, Capitão Guimarães, Capitão Homero e delegado
Baeta. “Isso é algo que, mesmo passados 40 anos, tenho certeza de que os
reconheceria”, garante.
conforme consta no site Cristã
Vida, Padilha descobriu quem foram os seus delatores quando teve acesso aos
documentos do antigo SNI – Sistema Nacional de Informações: os irmãos José
Sucasas Jr. e Isaías Fernandes Sucasas, pastor e bispo da Igreja Metodista,
ambos já falecidos.
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