sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Conhece-te a ti mesmo

Carl Jung (Psiquiatra Suíço, fundador da psicologia analítica.) disse que a coisa mais aterrorizante é aceitar-se completamente. Dentre os vários momentos da vida nos quais senti a força pulsante da necessidade do autoconhecimento, talvez um dos mais difíceis tenha acontecido em 1990, cursando pós-graduação de Educação em Clínica Pastoral (Clinical Pastoral Education). Durante 10 meses, trabalhando num Hospital Psiquiátrico, convivi semanalmente com diversos pacientes deprimidos, suicidas, drogados, traumatizados pela guerra do Vietnã, adultos e crianças, cristãos e não cristãos. Fazia parte do treinamento participar ativamente de grupos de terapia entre os profissionais e terapia individual com meu supervisor pastoral. Após alguns meses de intenso trabalho mental e esforço emocional, lembro-me ainda da profunda exaustão psicológica e da dor do inverno interior, quando chegou o verão de 1990. Um processo de auto revelação eclodiu para nunca mais terminar.

Sejam quais foram as nossas falhas, qualidades e fraquezas, a auto piedade e mera rebelião contra as deficiências não levará a lugar algum. Nas palavras de Harry Emerson Fosdick (Famoso pregador Batista americano nas décadas de 1920 e 1930 que se opôs ao racismo e à injustiça social), “É preciso atrever-se a se aceitar como um feixe de possibilidades e realizar o jogo mais interessante no mundo, tirando o máximo proveito de si mesmo”.
Faça disso o seu objetivo: conhece a si mesmo, consciente que essa é a lição mais difícil do mundo. “Conhece-te a ti mesmo” é um aforismo grego, pilar da filosofia de Sócrates ao qual ele teria respondido: “Só sei que nada sei”. Nos tempos de Jesus, o provérbio era o seguinte: “Médico, cura-te a ti mesmo” (Lc. 4:23). Aqueles que se comprometem com a cura das almas, ao invés de viver apenas depositando esmolas na “bacia das almas” (comprando e vendendo barato), devem empenhar-se na auto-compreensão. Cura e autoconhecimento são parentes próximos. A vida interior do cristão está diretamente ligada ao seu exterior: à sua capacidade para viver, amar, aceitar, servir e curar. Você obstruirá o trabalho da graça de Deus se não entender bem a si mesmo. A palavra usada freqüentemente para descrever o que estou dizendo aqui é “autoconhecimento ”. É um bom termo, combinando a preocupação cristã com o valor da pessoa e o desafio psicológico de enfrentamento do eu. Ele não inclui apenas a compreensão intelectual e o mapa da vida, mas também o reconhecimento das verdadeiras motivações, dos medos interiores, das expectativas, sonhos e das reações habituais. Autoconhecimento é uma sadia introspecção: a observação de si mesmo. É um processo mental e espiritual consciente que analisa a própria vida: pensamentos, sentimentos, desejos e sensações. Neste sentido, a introspecção é saudável e pode ser usada como sinônimo para a auto-reflexão. Auto-reflexão exige equilíbrio emocional, capacidade para enfrentar o passado, presente e futuro, confessar as limitações e fraquezas. Somos antagônicos e incoerentes. Nas palavras da famosa cantora e atriz Barbra Streisand: “Eu sou simples, complexa, generosa, egoísta, pouco atraente, bonita, preguiçosa e motivada”. Precisamos, com freqüência, de amigos, mentores e conselheiros para fazer isso com efetividade. Todos têm graus de miopia, pontos cegos e outros obscurecimentos visuais.
Fora ou longe do amor verdadeiro de Deus e de relações maduras (notem bem, maduras) com as pessoas, não poderemos e não conseguiremos verdadeiramente conhecer a nós mesmos. Não é surpresa que possamos diagnosticar vários temperamentos ou estados psicológicos que manifestem a maldade e distorçam as relações entre o eu, Deus e outros. Pelo conhecimento de nós mesmos, precisamos ser conduzidos a buscar Deus, cambaleantes e hesitantes, segurados pela sua própria mão. Você só poderá ser despertado para a necessidade de estar com Cristo à luz de sua própria condição de verme, de névoa passageira, de pecador miserável e débil conhecedor da pessoa de Deus.
Fonte: sepal.org 

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